El Salvador de Bukele se presta a campo de concentração de Trump
Venezuelanos são principais vítimas do ódio e preconceito dos Estados Unidos, “vendidos” cada um a US$ 20 mil por ano.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 24/03/2025 às 10:35 | Atualizado em: 24/03/2025 às 10:45
Donald Trump, presidente dos EUA, encontrou um grande aliado no presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Este, por outro lado, presta-se a oferecer a Trump sua prisão de segurança máxima, a Cecot.
Com isso, o salvadorenho entregou um vídeo de mais de 200 venezuelanos desembarcando de um avião acorrentados e sendo barbeados para serem enviados ao Cecot.
Dessa forma, o local servirá para os deportados de Trump, em troca de uma taxa de U$ 20.000 por prisioneiro por ano. Como informa o Ihu Unisinos.
De acordo com a reportagem, embora o governo Trump tenha inicialmente vinculado os venezuelanos à gangue criminosa Tren de Aragua, mais tarde reconheceu que mais de 100 deles não cometeram nenhum crime — nos Estados Unidos, ser indocumentado não é um crime, mas uma infração civil.
Contudo, por enquanto, as imagens não serão repetidas, porque um juiz de Washington bloqueou o uso de uma lei do século XVIII contra “inimigos estrangeiros” para deportar migrantes indocumentados sem proteção legal. Mas a mensagem pública já foi divulgada, todos nós vimos o vídeo.
“A política de imigração dos EUA nos últimos 30 anos tem sido baseada no princípio da dissuasão. Dissuadi-los antes que cheguem aos Estados Unidos. E eu acho que o que Trump fez, por meio do terror, é tornar essa dissuasão muito mais forte”, diz Juan Pappier, vice-diretor da Divisão das Américas da Human Rights Watch (HRW).
“Ele está fazendo isso com deportações para Guantánamo, deportações para El Salvador e com pessoas enviadas para perto de Darien, então acho que parte do propósito é tentar enviar a mensagem de que se elas vierem aos Estados Unidos para solicitar asilo, correm o risco de acabar na prisão em El Salvador.”
“Existem muitas políticas cruéis focadas na dissuasão em vez de proteger os direitos dos afetados”, concorda Maureen Meyer, vice-presidente de programas do Escritório de Washington para a América Latina (WOLA).
Meyer acredita que tanto a separação de crianças na fronteira em 2018 quanto o envio de migrantes para El Salvador têm em comum o puro descuido com que foram implementados.
“Eles separaram as crianças dos pais sem sequer ter um sistema para registrá-las. É por isso que os bebês que não falam, e cujos pais nunca souberam como encontrar seus filhos, se perderam no sistema”, lamenta Meyer.
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Foto: reprodução/YouTube