Doleiro aparece na fraude da gestão Braga Netto e na cocaína do avião da FAB

Nos dois episódios criminosos, aparece um mesmo nome e dono de telefone celular: Márcio Moufarrege, o Macaco

Nomeação da filha do general da Casa Civil é nepotismo, dizem ministros

Ferreira Gabriel

Publicado em: 13/09/2023 às 19:47 | Atualizado em: 13/09/2023 às 19:47

O doleiro usado na suposta fraude na compra de coletes balísticos na intervenção do Rio de Janeiro é o homem que, no mesmo período, esteve envolvido no caso da cocaína no avião da Força Área Brasileira (FAB).

Ele participou da engenharia financeira para o envio da droga em aeronave, dentro da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, em 2019.

A afirmação é embasada em cruzamento feito pelo Metrópoles sobre documentos oficiais das investigações da Polícia Federal (PF).

Nos dois episódios criminosos, aparece um mesmo nome e dono de telefone celular: Márcio Moufarrege, o Macaco. No caso de tráfico internacional, ele é acusado de movimentar dinheiro dos fornecedores que compraram a droga entregue para o sargento preso em Sevilha, na Espanha, em 24 de junho de 2019.

Após uma série de falhas na fiscalização na Base Aérea de Brasília, Manoel Silva Rodrigues embarcou com 39 quilos de cocaína na bagagem. Ao desembarcar, acabou preso.

Já no caso da fraude internacional em licitação, Moufarrege é investigado por transferir dinheiro clandestinamente, entre os Estados Unidos e o Brasil, para os militares envolvidos na tentativa de fornecimento de 9.360 coletes balísticos para a Polícia Civil do Rio.

A operação total teria sobrepreço de R$ 4,6 milhões, em compra orçada em cerca de R$ 40 milhões e feita por intermediação do Gabinete da Intervenção Federal (GIF), comandado pelo general Braga Netto.

Posteriormente, houve estorno do valor pago. Um ano depois, Braga Netto se tornou ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

Print de avião

Em um print de conversa destacado no inquérito sobre Operação Perfídia, deflagrada ontem e que envolve Braga Netto, o doleiro foi flagrado usando um fundo de tela de avião militar.

Moufarrege é réu na Justiça Militar por associação para o tráfico no caso do avião da FAB. Ele chegou a ser alvo de busca e apreensão, em 2021.

Na época, trabalhava como personal trainer e andava com carrões importados que, aos olhos dos investigadores, demonstraram que sua atividade profissional deveria ser outra.

Nessa terça-feira (12/9), um endereço ligado a ele foi novamente revistado pelas autoridades, em Brasília.

Desta vez, os investigadores coletaram provas do envolvimento de Macaco com uma operação de dólar-cabo, que trouxe dinheiro dos Estados Unidos para o Brasil.

Os pagamentos seriam os adiantamentos vindos da fornecedora de coletes, de um contrato de R$ 650 mil para consultorias e outros serviços para otimização da aquisição.

Leia mais na matéria de Arthur Guimarães no Metrópoles

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Foto: José Dias/PR