ONU estima 670 mortes em deslizamento de terra em Papua-Nova
As equipes de emergência e os moradores desafiaram as condições perigosas em uma busca desesperada por sobreviventes.

Diamantino Junior
Publicado em: 26/05/2024 às 16:22 | Atualizado em: 26/05/2024 às 16:23
A ONU teme que até 670 pessoas tenham morrido no deslizamento de terra que atingiu Yambali, uma localidade de Papua-Nova Guiné, soterrando mais de 150 casas e forçando a evacuação de mais de mil pessoas.
“Há uma estimativa de mais de 150 casas soterradas e de que 670 pessoas morreram”, afirmou Serhan Aktoprak, diretor da agência da ONU para as migrações com sede em Port Moresby, capital do país insular do sudoeste do Pacífico. “A situação é terrível, a terra continua deslizando. A água desce e isto representa um grande risco para todos”, acrescentou Aktoprak.
Yambali, situada na encosta de uma colina na província da Enga, foi praticamente destruída por um enorme deslizamento de terra que, na madrugada de sexta-feira, sepultou dezenas de casas e as pessoas que dormiam no momento da tragédia. A localidade, com quase 4.000 habitantes, servia como uma base comercial para pessoas que extraem ouro das montanhas da região.
As equipes de emergência e os moradores desafiaram as condições perigosas em uma busca desesperada por sobreviventes.
“As pessoas estão usando pedaços de pau de escavação, pás e grandes forcados agrícolas para retirar os corpos soterrados”, explicou Aktoprak. Mais de mil pessoas foram deslocadas pela catástrofe, acrescentou. As colheitas e as reservas de água foram quase completamente destruídas.
O deslizamento, que envolveu grandes pedras, árvores arrancadas e terra, atingiu profundidades de até oito metros em alguns pontos, também matou o gado, segundo as equipes de emergência.
As operações de resgate foram ainda mais dificultadas pelos combates tribais registrados ao longo da única rota que leva à zona do desastre.
Aktoprak explicou que a violência tribal “não está relacionada com o deslizamento” e que as Forças Armadas do país fornecem “escoltas de segurança” para permitir a passagem segura dos comboios de ajuda.
Imagens da região mostram os trabalhadores descalços removendo a terra com pás, enquanto outros procuravam entre pilhas de metal destruído, material utilizado como telhado nas casas.
Equipamentos pesados devem chegar nas próximas horas à região para acelerar as operações de busca.
O deslizamento de terra em larga escala afetou diversos vilarejos de Papua-Nova Guiné.
O país insular é frequentemente cenário de fortes chuvas, mas este ano as tempestades e inundações estão ainda mais intensas.
Em março, ao menos 23 pessoas morreram em um deslizamento de terra.
As chuvas intensas e as inundações representam um grande desafio adicional para os esforços de resgate e recuperação, aumentando a urgência de uma resposta eficaz e coordenada para lidar com a devastação contínua.
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Foto: GETTY IMAGES