Caso de deputada do Rio mostra milícia infiltrada no poder Legislativo
A deputada Lucinha (PSD) está sob investigação por supostas ligações com milicianos, sendo suspeita de influenciar a soltura de criminosos.

Diamantino Junior
Publicado em: 19/12/2023 às 10:58 | Atualizado em: 19/12/2023 às 10:58
Uma investigação do Ministério Público do Rio (MP-RJ) e da Polícia Federal (PF) revelou que a deputada estadual Lúcia Helena de Amaral Pinto, a Lucinha (PSD), tem ligações com a milícia comandada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. A parlamentar é suspeita de interceder pela soltura de integrantes da organização criminosa, de pedir a transferência de comandante de batalhão e até de pressionar autoridades para que fossem realizadas ações contra um grupo rival.
As provas da investigação
As suspeitas contra Lucinha surgiram após a quebra do sigilo telemático de Domício Barbosa de Souza, o Dom, um dos operadores financeiros da milícia de Zinho.
Conversas entre Domício e Lucinha ou sua assessora parlamentar Ariane Afonso Lima mostrariam a interferência da parlamentar para proteger milicianos e para prejudicar bandidos rivais.
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Os pedidos de interferência
De acordo com o MP-RJ, Lucinha teria pedido a transferência do comandante do 27º BPM (Santa Cruz), área de atuação da milícia.
Ela também teria pressionado para que policiais militares não apresentassem armas e fardas de uso restrito na delegacia após a prisão de milicianos.
A busca pelo poder
Os milicianos também teriam pedido a Lucinha para frear mudanças no transporte alternativo na cidade do Rio.
Ela teria atuado para que o transporte ilegal de vans na Zona Oeste, principal fonte de recursos da milícia, não fosse interrompido.
As consequências
Após a divulgação das investigações, o desembargador Benedicto Abicair, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, determinou a suspensão do exercício da função pública de Lucinha, além de ter proibido que ela frequente a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O voto terá que ser aberto e nominal pelos deputados.
A defesa
Lucinha não se manifestou sobre as acusações.
Foto: divulgação Alerj