Delegados da PF sofrem por não seguirem ‘cartilha bolsonarista’
A informação foi revelada por Guilherme Amado, no site Metrópoles, neste sábado (13)

Publicado em: 14/11/2021 às 15:52 | Atualizado em: 14/11/2021 às 15:52
O governo de Jair Bolsonaro já puniu ou demitiu 18 delegados da Polícia Federal (PF) por não terem agido de acordo com a cartilha bolsonarista, protegendo aliados e filhos do presidente. A informação foi revelada por Guilherme Amado, no site Metrópoles, neste sábado (13).
A última punida por não atender diretamente os interesses de Jair Bolsonaro foi Silvia Amélia da Fonseca, demitida nesta semana da coordenação do DRCI por encaminhar o processo de extradição do blogueiro Allan dos Santos aos Estados Unidos.
O ‘recorde’ de punições está no Rio de Janeiro, justamente local em que Moro denunciou a tentativa de interferência de Bolsonaro antes de deixar o governo federal.
No estado, foram afastados os delegados Ricardo Saadi, Maurício Valeixo e Rolando de Souza. Saadi era superintendente da PF no Rio, Valeixo era o diretor-geral e Rolando foi quem substituiu Valeixo.
As mudanças são apontadas como uma tentativa de blindar os filhos, nomeando aliados para coordenar a equipe no estado onde eles eram alvos de investigações.
No mesmo caso, o delegado Filipe Leal teria sido também afastado. A demissão de Leal ocorreu já com a denúncia de interferência em andamento, era ele o responsável pelo caso e foi demitido após questionar a cúpula da instituição sobre a atuação do presidente.
No Distrito Federal, o delegado da PF Hugo Correia também sofreu retaliações após avançar em casos envolvendo aliados bolsonaristas.
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Já Franco Perazzoni nem chegou a ocupar o cargo, seu nome foi vetado antes mesmo de ir ao DF para chefiar a divisão de crimes organizados.
O veto teria ocorrido logo após o agente negar acesso à cúpula da PF ao inquérito contra o ex-ministro Ricardo Salles.
Inquéritos contra o ministro também renderam retaliações aos delegados Alexandre Saraiva, Thiago Leão, Max Eduardo Pinheiro e Rubens Lopes da Silva.
Todos os nomes avançaram em investigações contra o ministro bolsonarista e foram punidos ou afastados.
Na lista há ainda os delegados Bernardo Guidali Amaral, que tentou investigar Dias Toffoli; Rodrigo Fernandes, que comandou a investigação sobre a facada em Bolsonaro e concluiu que o ato não era um conluio da esquerda contra o presidente; Graziela Costa e Silva, que liderou um abaixo-assinado em apoio ao colega Felipe Leal; Carla Patrícia Cintra Barros da Cunha, por supostamente ter ligações com o PSB; Daniel Grangeiro, por investigar aliados bolsonaristas, como Arthur Lira e Humberto Martins, do STJ; e Antonio Marcos Lourenço Teixeira, que comandou a segurança do presidente nas eleições em 2018, mas virou desafeto por discordância nas ações com outros agentes.
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