Delação de Cid traz de volta Bolsonaro e Michelle religiosos fervorosos
Diante de acusações e investigações, a família Bolsonaro busca envolver Deus em sua defesa, alegando perseguição e se retratando como mártires cristãos.

Diamantino Junior
Publicado em: 11/09/2023 às 09:47 | Atualizado em: 11/09/2023 às 09:47
Assim que Mauro Cid revelou sua intenção de fazer uma delação premiada à Polícia Federal (PF), implicando seu antigo empregador, a família Bolsonaro tentou envolver Deus na narrativa.
Enquanto Cid alegava estar agindo sob a vontade de Jair e Michelle, o casal agora insiste que está sendo perseguido por seguir a vontade divina.
Em um culto recente, Michelle Bolsonaro chorou, alegando perseguição injusta e afirmando que todos que têm Cristo como Senhor serão perseguidos.
Esta tentativa de confundir as questões como defesa estratégica não passa despercebida, enquanto enfrentam investigações por apropriação indevida, falsificação de registros de vacinação e incitação a um golpe de Estado.
Mauro Cid, após ganhar liberdade provisória com a aprovação judicial de seu acordo de delação por Alexandre de Moraes, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), postou um vídeo reforçando essa estratégia.
Ele se concentrou nas frases de apoio do público, incluindo “Não desista”, “Deus te abençoe” e “Estamos orando por você.”
Apesar de todos os escândalos, Bolsonaro vinha mantendo o apoio de seu público mais leal, mesmo diante das acusações de “genocida”.
Contudo, o escândalo das joias doadas por governos árabes ao Brasil, que foram contrabandeadas, roubadas e vendidas, fez com que muitos apoiadores bolsonaristas se calassem nas redes sociais, evitando defender o presidente.aaaaa
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O ato de roubar ouro e diamantes que pertencem ao povo não necessita de muita explicação, ao contrário de acusações de genocídio e golpismo.
À medida que as investigações se aproximam de Bolsonaro e aumentam as chances de condenação criminal, a narrativa de perseguição tende a crescer.
Ela é usada para proteger sua liberdade e influência política, retratando-o como um mártir cristão.
No entanto, essa comparação com os mártires cristãos que sacrificaram suas vidas em nome de sua fé ou do bem comum provoca desconforto, pois os escândalos do ex-presidente visavam dinheiro e poder.
A estratégia tem limites, especialmente entre aqueles que entendem a importância de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
Pesquisas mostram que a aprovação de Lula entre os evangélicos cresceu recentemente, o que pode ser um desafio à influência de Bolsonaro sobre esse eleitorado.
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Foto: Agência Brasil