Brasileiros deixam Argentina pelo custo de vida no governo Milei
A inflação na Argentina, no governo de Milei, fez muitos brasileiros abandonarem o país, transferindo estudos e empregos para destinos mais baratos.

Diamantino Junior
Publicado em: 27/01/2025 às 16:23 | Atualizado em: 27/01/2025 às 16:23
Após três anos vivendo em Buenos Aires, Letícia Pancieri, estudante de medicina de Vitória (ES), decidiu se mudar para o Paraguai. A inflação e o aumento do custo de vida, exacerbados no primeiro ano do governo de Javier Milei, inviabilizaram a permanência de muitos brasileiros na Argentina.
A inflação disparou logo após a posse de Milei em dezembro de 2023.
O “economista libertário” desvalorizou o peso em 50%, e os preços continuaram subindo. “Um suco que custava R$ 8 passou para R$ 22”, relembra Letícia, que transferiu seus estudos para Ciudad del Este, onde as mensalidades são mais acessíveis.
Estilo de vida insustentável
Brasileiros como Elisa Moura e Gabriela Costa relatam que o custo de vida duplicou.
Aluguéis, contas de luz e itens básicos, como alimentos, tornaram-se inatingíveis.
Gabriela voltou ao Rio de Janeiro, onde encontrou preços mais baixos, enquanto Elisa decidiu retornar a São Paulo após os custos de moradia em Buenos Aires subirem de R$ 3 mil para R$ 6,5 mil.
Adaptações e desistências
Outros brasileiros, como a médica sergipana Isla Queiroz, optaram por permanecer, mas tiveram de ajustar drasticamente seu estilo de vida.
Isla intensificou a carga de trabalho e mudou de residência para se adaptar. “Meu dinheiro estava indo só para contas. Não voltaria para o Brasil, mas precisei reorganizar tudo”, diz.
Um cenário desafiador
Especialistas apontam que o controle do peso pelo governo Milei não acompanhou a inflação, tornando os produtos mais caros em dólar.
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Com custos até 220% maiores em planos de saúde e outros setores, muitos brasileiros viram na mudança para outros países, como Paraguai e Portugal, uma alternativa para manter o poder de compra e qualidade de vida.
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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil