Documento do plano de golpe de Bolsonaro era guardado por coronel no CMA
Conforme o documento, parte do plano, denominado “Copa 2022”, estava guardado em Manaus pelo tenente-coronel Hélio Lima, comandante dos 'kids pretos'

Diamantino Junior, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 21/11/2024 às 19:44 | Atualizado em: 21/11/2024 às 19:44
Um documento do Supremo Tribunal Federal (STF), assinado pelo ministro Alexandre de Moraes, trouxe à tona detalhes estarrecedores sobre o plano de golpe arquitetado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a documento, parte do plano, denominado “Copa 2022”, estava guardado em Manaus pelo tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, comandante dos “kids pretos’, no Comando Militar da Amazônia (CMA).
A operação investigativa revelou uma organização criminosa com estratégias detalhadas para um golpe de Estado na democracia, tirando Lula da Silva e seu vice Geraldo Alckmin da Presidência da República.
Mais do que isso, o plano comandado por Bolsonaro e vários generais e ministros era de assassinato de Lula, Alckmin, Moraes e, possivelmente, o ministro Flávio Dino, do STF.
Neste dia 21 de novembro, Bolsonaro e vários militares de alta patente foram indiciados pela Polícia Federal no plano de golpe por formação de organização criminosa e outros crimes.
Após a manifestação do procurador-geral da República (PGR), com denúncia contra essa organização, Bolsonaro e generais do Exército como Braga Netto, Augusto Heleno, Nilton Rodrigues, Paulo Sérgio e almirante da Marinha Almir Garnier, e outras dezenas de pessoas, como o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, vão virar réus e em seguida julgados no STF.
Dessa forma, até o início de 2025 devem começar a sair as primeiras sentenças, com provável prisão de vários desses golpistas.
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O esquema do golpe
A Polícia Federal aponta que o plano tinha cinco eixos principais, incluindo ataques virtuais, desinformação sobre o processo eleitoral e medidas antidemocráticas para impedir a posse em 2023 do presidente eleito Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
O coronel kid preto Hélio Lima, que comandava uma companhia de forças especiais em Manaus, teria participado diretamente do esquema. Além disso, armazenou documentos estratégicos e coordenou ações clandestinas com outros militares de alta patente, conforme informações em poder do STF.
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Papel do CMA e ações militares
No Comando Militar da Amazônia, o coronel Hélio Ferreira Lima teria utilizado seu cargo para armazenar e proteger informações confidenciais relacionadas ao golpe, incluindo a chamada “Minuta do Golpe”, documento redigido por Bolsonaro e revisado por aliados.
O plano incluía a prisão ilegal de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, e ações para restringir o funcionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Interceptações e provas
As investigações revelaram trocas de mensagens entre militares que integravam o grupo denominado “Copa 2022”, no qual utilizavam codinomes e técnicas de anonimização para planejar o golpe.
As mensagens, extraídas de dispositivos apreendidos durante a operação Tempus Veritatis, mostraram que o grupo também planejava assassinatos e ações para sequestrar membros do Judiciário.
Medidas adotadas pelo STF
Diante da gravidade dos fatos, Moraes determinou prisões preventivas, buscas e apreensões, além da suspensão de funções públicas dos envolvidos.
O ministro ressaltou a importância de desarticular a rede criminosa para proteger a democracia brasileira.
A revelação do envolvimento do coronel Hélio Lima dentro do CMA no esquema coloca em evidência o uso de estruturas estatais para fins ilegais e reforça as investigações sobre o papel de Bolsonaro e seus aliados nesse fracassado plano de golpe.
Foto: reprodução