Chefe de inteligência de Bolsonaro é suspeito de corrupção para PGR

 Caso é sobre software espião

Mariane Veiga

Publicado em: 03/01/2024 às 16:23 | Atualizado em: 03/01/2024 às 16:29

A PGR (Procuradoria-Geral da República) cita a suspeita de que Alexandre Ramagem, chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo de Jair Bolsonaro (PL), se corrompeu para evitar a divulgação de informações sobre o uso irregular do ‘software espião’ durante sua gestão. É o que informa o jornal Folha de São Paulo.

Informações sobre a atuação de Ramagem, amigo pessoal da família Bolsonaro, foram utilizadas pelos investigadores para deflagrar a Operação Última Milha, em 20 de outubro, quando a Polícia Federal prendeu oficiais da agência e servidores foram afastados.

Todos são suspeitos de participação na compra e uso do FirstMile, software capaz de monitorar a geolocalização de aparelhos celulares.

A suspeita é de que todas as irregularidades praticadas desde a compra, ainda no governo de Michel Temer, em 2018, passando pelo uso e as tentativas de evitar a apuração interna resultaram no monitoramento de diversas pessoas sem relação com o trabalho da Abin entre 2019 e 2021.

Entre os alvos, conforme a PF, há professores, advogados, políticos e outros.

O uso do FirstMile veio a público após o jornal O Globo revelar que dois servidores da Abin envolvidos em uma suposta fraude licitatória no Exército citaram a utilização da ferramenta pela agência no processo em que seriam demitidos.

Ramagem, atualmente deputado federal pelo PL, não foi alvo da ação, mas é citado no inquérito relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

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Os dois servidores foram presos na operação da PF e demitidos no mesmo dia.

A dupla era investigada internamente por atuar em uma licitação do Exército utilizando uma empresa em nome de parentes.

O ex-diretor, segundo a Procuradoria, teria convertido o julgamento em diligência.

“Há indícios de prática de concussão e de corrupção ativa de Eduardo Izycki e Rodrigo Colli e de corrupção passiva pelo ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem”, diz a PGR.

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil