Bolsa-Família pode adicionar ‘vale-carne’ de R$ 35, estuda governo

O governo Lula (PT) estuda a viabilidade de oferecer vouchers para famílias pobres adquirirem até 2 quilos de carne bovina por mês.

Diamantino Junior

Publicado em: 06/03/2024 às 11:25 | Atualizado em: 06/03/2024 às 11:26

O governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), está avaliando a implementação de um programa denominado “Carne no Prato”, que visa proporcionar às famílias de baixa renda a oportunidade de adquirir até 2 quilos de carne bovina por mês por meio de um sistema de vouchers. Esta iniciativa foi apresentada por um grupo de pecuaristas do estado de Mato Grosso do Sul (MS) ao ministro Paulo Teixeira, responsável pelo Desenvolvimento Agrário, durante uma reunião realizada em Brasília.

Segundo relatos, os próprios pecuaristas sugeriram o nome provisório “Programa Carne no Prato” para essa proposta. A intenção é fornecer auxílio alimentar às famílias mais necessitadas, garantindo acesso à proteína animal essencial para a dieta. O ministro Teixeira encaminhou a proposta para análise da Casa Civil e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

A proposta, contudo, gera debates e preocupações entre especialistas e outros setores da sociedade. Apesar dos benefícios nutricionais da carne bovina, alguns questionam a exclusividade desse tipo de proteína no programa, sugerindo que outras opções alimentares poderiam ser mais acessíveis e igualmente nutritivas.

A reunião entre o ministro Paulo Teixeira e os pecuaristas aconteceu em 17 de agosto do ano passado, na sede do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Brasília. A comitiva dos criadores incluiu representantes importantes, como o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni, e o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, filho de José Carlos Bumlai, pecuarista condenado na Operação Lava Jato.

A ideia inicial é disponibilizar vouchers no valor de R$ 35 para as famílias inscritas no Cadastro Único dos Programas Sociais, o CadÚnico, que inclui beneficiários do Bolsa Família. Esses vouchers seriam utilizados exclusivamente para a compra de carne bovina em supermercados e açougues credenciados.

Apesar da proposta inicial de R$ 35, ainda não há um valor definitivo estabelecido. Guilherme Bumlai mencionou a importância de flexibilidade quanto ao valor, visando garantir que as famílias possam adquirir uma quantidade significativa de carne dentro de suas necessidades alimentares.

A iniciativa visa impulsionar o consumo de carne bovina no Brasil, que tem visto uma queda constante nos últimos anos. O programa também pode beneficiar o setor pecuário, que enfrenta desafios como a recente queda nos preços do boi gordo, apesar dos preços ainda elevados para o consumidor final.

Se implementado, o “Carne no Prato” poderia representar uma demanda adicional de 2,35 milhões de cabeças de gado por ano, segundo estimativas. No entanto, críticos ressaltam a importância de considerar os impactos ambientais da criação de gado, além de questionarem a necessidade de restringir as opções alimentares dos beneficiários apenas à carne bovina.

Em janeiro deste ano, o Bolsa Família atingiu cerca de 21 milhões de lares, o que poderia resultar em um custo aproximado de R$ 8,8 bilhões por ano para o programa “Carne no Prato”, caso cada família recebesse um adicional de R$ 35 para comprar carne.

Apesar de algumas dúvidas e questionamentos, a proposta foi bem recebida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas ainda está sujeita a análises e possíveis ajustes antes de sua implementação.

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Foto: Ricardo Stucker/PR