BR-319: estudo diz que conclusão vai afetar 300 mil km² da Amazônia

De acordo com o estudo, a área a ser afetada corresponde ao estado de São Paulo

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Ferreira Gabriel

Publicado em: 18/12/2023 às 17:29 | Atualizado em: 18/12/2023 às 17:30

A pavimentação da BR-319, única rodovia que liga Manaus a Porto Velho (e ao restante do país), tem o potencial de causar impactos em cerca de 300 mil km² da Amazônia: área maior que o estado de São Paulo. Dentro do perímetro de risco, existem Terras Indígenas (TIs) e Unidades de Conservação.

Os dados são de um estudo desenvolvido pelo grupo de pesquisa independente Climate Policy Initiative (CPI) afiliada à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em parceria com o Projeto Amazônia 2030.

BR-319 possui mais 800 km² e foi construída na década de 1970. Devido à falta de manutenção, diversos trechos da rodovia se tornaram intrafegáveis.

Na seca, os problemas são buracos e muita poeira; já durante o período chuvoso, o atoleiro é o desafio. Atualmente, somente os trechos próximos às capitais (Porto Velho e Manaus) são asfaltados.

De acordo com o estudo realizado pela CPI/PUC-Rio, aprimorar a infraestrutura logística é essencial para reduzir o isolamento do Amazonas e promover o movimento de pessoas e mercadorias entre a Amazônia Legal e outras partes do Brasil.

No entanto, os projetos de infraestrutura nessa região podem resultar em impactos socioambientais que não proporcionam benefícios para a população local, concentrando os ganhos da produção agropecuária em áreas limitadas, por exemplo.

Áreas de influência da BR-319 na Amazônia

De acordo com os pesquisadores, a reconstrução da rodovia pode afetar cerca de 9 municípios no estado do Amazonas. 

Esses municípios possuem uma população de mais de 320 mil habitantes e ocupam uma área superior a 300 mil km².

Dentro da área de influência da BR-319, encontram-se também:

  • 49 terras indígenas;
  • 49 unidades de conservação
  • 140 mil km² de florestas públicas não destinadas.

As terras públicas que ainda não receberam uma destinação específica, como se tornar uma Unidade de Conservação, geralmente são alvos de desmatamento e grilagem na Amazônia, de acordo com o estudo.

Em geral, os estudos de impacto ambiental costumam utilizar medidas de distância física como referência para avaliar a extensão da influência de uma construção. No caso de projetos como rodovias ou ferrovias, as pessoas, animais e terras localizados dentro de uma determinada distância em quilômetros serão impactados.

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Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real