Bolsonaro transforma sua condição em show de horrores
Ex-presidente alterna vitimismo e bravatas, é o que afirma o colunista da Folha, Wilson Gomes.

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 30/04/2025 às 16:38 | Atualizado em: 30/04/2025 às 16:38
Para o colunista da Folha, Wilson Gomes, não é de hoje que Jair Bolsonaro atua em dois registros: o valentão provocador e o sofredor perseguido. Alterna entre eles como parte de um roteiro já conhecido.
Em um momento se impõe com insultos, arroubos e ameaças. No outro, ressurge abatido, apelando à compaixão de seguidores fiéis. É um vaivém performático de bravura e vitimização.
Nesse sentido, Gomes observa que, agora, Bolsonaro parece ter levado o papel do mártir a um novo patamar. Ao invés de exibir vigor militar ou “físico de atleta”, expõe um corpo em ruína.
Na cama do hospital, cicatrizes, hematomas, drenos e semblante cadavérico substituem os gestos de força. As imagens, publicadas por ele mesmo, evitam qualquer sinal de superação.
Curiosamente, não há flores, sorrisos ou mensagens esperançosas. Em vez disso, a encenação busca o impacto pelo grotesco. Consequentemente, um sacrifício público substitui a resistência, e a dor toma o lugar do orgulho.
O colunista afirma que a estética da decadência surpreende até antigos admiradores, que o papel de vítima sempre foi combustível para novos ataques, não para transmitir desamparo absoluto.
Enquanto isso, falta direção à encenação. Como resultado, a narrativa, que antes buscava comover e reenergizar, agora produz desconforto. Por fim, a teatralidade perdeu coesão, e o mito desmorona sob seu próprio peso.
Nesse contexto, Gomes ressalta que a dramaturgia bolsonarista, outrora inspirada no modelo Trump, parece flertar agora com a morbidez e o colapso sem redenção.
No final das contas, pode ter revelado o que tentava esconder: a imagem de um personagem exaurido, que já não controla mais seu enredo. Assim, a máscara da força caiu.
Leia na íntegra na coluna de Wilson Gomes na Folha.
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Foto: reprodução/YouTube