Bolsonaro tenta culpar Heleno e Braga Netto pela trama do golpe
Os militares vêem como um oportunismo do ex-presidente na tentativa de se livrar das acusações de que conhecia os planos golpistas

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 30/11/2024 às 08:25 | Atualizado em: 30/11/2024 às 08:25
“Golpe do golpe”. Essa é a tese que a defesa de Jair Bolsonaro (PL) trabalha nos últimos dias, e que tenta jogar a trama golpista para os generais Augusto Heleno e Braga Netto.
Conforme a Folha de S.Paulo, a tese diz que os militares usariam o plano do golpe no fim de 2022 para tirar o então presidente e assumir o poder. Ou seja, e não para mantê-lo no cargo.
Então, para a defesa de Bolsonaro, os principais beneficiados por uma eventual ruptura institucional.
Contudo, segundo a Folha, a divulgação dessa linha de defesa causou quebra de confiança.
Segundo os militares, o movimento é visto como um oportunismo do ex-presidente na tentativa de se livrar das acusações de que conhecia os planos golpistas.
Ainda de acordo com a publicação, a base para essa tese é um documento elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes.
Ele é um dos principais suspeitos de arquitetar a trama golpista revelada pela Polícia Federal.
Dessa forma, esse texto previa a criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise, comandado por militares, logo após o golpe de Estado.
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Reação
Assim, as reações de militares sobre essa linha de defesa se intensificaram nesta sexta-feira (29).
É que Paulo Amador da Cunha Bueno, um dos advogados de Bolsonaro, disse em entrevista à GloboNews que o ex-presidente não se beneficiaria com um eventual golpe.
“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do ‘Plano Punhal Verde e Amarelo’ e, nessa junta, não estava incluído o presidente Bolsonaro”, disse Bueno.
Sobretudo, o advogado voltou a dizer que Bolsonaro não tinha conhecimento do plano identificado pela PF que definia estratégias para matar o presidente eleito Lula (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e então presidente da Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Não tem o nome dele [Bolsonaro] lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo”, reforçou o advogado.
Leia mais em Folha de S.Paulo.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil