Bolsonaro: New York Times diz que ‘o Brasil chegou perto de voltar à ditadura’
Ao noticiarem o julgamento de Bolsonaro, várias publicações relembraram o passado ditatorial do Brasil.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas*
Publicado em: 27/03/2025 às 16:34 | Atualizado em: 27/03/2025 às 16:36
Após o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar o réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, os jornais mais influentes do mundo repercutiram o julgamento.
Dessa maneira, várias publicações relembraram o passado ditatorial do Brasil.
Por exemplo, o New York Times (NYT), dos Estados Unidos (EUA), disse que a investigação revelou que o Brasil chegou perto de voltar à ditadura.
Enquanto o francês Le Figaro destacou que a decisão é histórica para um país ainda “assombrado pela memória da ditadura militar (1964-1985)”.
Conforme publicação da Agência Brasil, o NYT escreveu que:
“a investigação revelou o quão perto o Brasil chegou de retornar a uma ditadura militar quase quatro décadas depois de sua história como uma democracia moderna” e que “Bolsonaro também parece estar apostando no apoio do Sr. Trump”.
Já o jornal ligado ao mercado financeiro de Wall Street, o The Wall Street Journal destacou que o julgamento desferiu “um golpe em um dos aliados mais próximos do presidente Trump na América Latina”
O The Washington Post, principal jornal da capital dos EUA, destacou que a acusação afirma que os investigados “buscavam manter Bolsonaro no poder ‘a todo custo’, em um esquema de várias etapas que se acelerou depois que o político de extrema direita perdeu para o atual presidente”.
Ainda segundo a reportagem, o jornal de Washington lembrou ainda que Bolsonaro era conhecido por “expressar nostalgia pela ditadura passada do país, desafiou abertamente o sistema judicial do Brasil durante seu mandato de 2019-2022”.
Além disso, a publicação citou que Bolsonaro tem apelado à mobilização de apoiadores e ao projeto de lei da anistia no Congresso Nacional para tentar escapar da condenação.
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Na América Latina
O jornal argentino Clarin também deu destaque ao julgamento que tornou Bolsonaro réu nessa quarta-feira (26).
“O juiz Alexandre de Moraes, responsável pelo caso do Supremo Tribunal Federal contra Bolsonaro e inimigo declarado do ex-presidente, foi o primeiro a votar a favor da abertura de um processo criminal, e um segundo juiz acompanhou seu voto”, disse o Clarín.
O mexicano El Universal fez uma reportagem para repercutir a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o julgamento, destacando ainda os argumentos de Moraes e do Bolsonaro sobre a trama golpista.
“O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou Jair Bolsonaro o primeiro ex-presidente a ser julgado por tentativa de golpe de Estado desde o retorno da democracia”, disse o jornal mexicano.
“Durante seu discurso, o juiz mostrou imagens dos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando uma horda de apoiadores do líder de extrema direita destruiu as três sedes dos Poderes”, disse a publicação mexicana.
disse El Universal
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Na Europa
O tradicional jornal inglês The Guardian destacou que a decisão que tornou Bolsonaro réu “deixa o populista de extrema direita, que governou o Brasil de 2019 até o final de 2022, enfrentando o esquecimento político e uma possível pena de prisão de mais de 40 anos”.
Ainda segundo o jornal inglês, “enquanto muitos no Brasil se regozijam com a queda prevista do ex-presidente, outros temem quem pode seguir seus passos de extrema direita”.
O jornal espanhol El País disse que não é incomum que um ex-presidente seja julgado criminalmente no Brasil, “o que é inédito é que ele será levado a julgamento por um golpe”.
Um dos principais periódicos da França – o Le Figaro – destacou que a condenação “minaria as ambições de retornar ao poder” de Bolsonaro.
“A decisão é histórica em um país ainda assombrado pela memória da ditadura militar (1964-1985), recentemente revivida pelo fenomenal filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, vencedor do Oscar de melhor filme internacional”, escreveu o Le Fígaro.
*Com informações da Agência Brasil.
Foto: Roque de Sa/Agência Senado