Bolsonaro desmente Bolsonaro no caso do agente que EUA negam

Eduardo Bolsonaro divulgou mentira e foi desmentido publicamente pelo irmão senador.

Bolsonaro desmente Bolsonaro no caso do agente que EUA negam

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 06/05/2025 às 10:06 | Atualizado em: 06/05/2025 às 10:06

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) desmentiu publicamente o irmão deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que afirmou que um agente americano teria se oferecido para “neutralizar” o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes durante o governo Bolsonaro.

A declaração de Eduardo foi feita durante conferência conservadora nos Estados Unidos no último fim de semana e gerou forte repercussão no Brasil e no exterior.

“Isso não aconteceu. Ninguém do governo levou isso a sério porque é algo absolutamente fora da realidade. Nenhuma autoridade americana trataria esse tipo de assunto”, disse Flávio nesta segunda-feira (6), em entrevista à imprensa no Senado.

A fala de Eduardo foi rapidamente rebatida também pelo governo dos Estados Unidos. A embaixada americana em Brasília classificou a suposta oferta como “falsa” e afirmou que “qualquer insinuação de envolvimento de autoridades americanas em ações ilegais contra membros do Judiciário brasileiro é absurda”.

Na conferência, Eduardo relatou, sem citar nomes, que teria sido procurado por um agente de segurança dos EUA, que ofereceu ajuda para “neutralizar um inimigo comum”.

“Um agente perguntou se nós gostaríamos de ajuda para neutralizar Alexandre de Moraes. Obviamente não aceitamos, mas essa oferta existiu”, disse o deputado.

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Ministério Público reage

A declaração foi recebida com aplausos pela plateia, mas provocou reações negativas entre autoridades brasileiras.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) já solicitou a abertura de uma apuração preliminar para verificar se há indícios de crimes, como ameaça a ministro do STF ou conivência com plano de atentado.

O próprio Alexandre de Moraes não se manifestou oficialmente sobre o caso até o momento.

Nos bastidores, integrantes do Supremo consideraram a fala “gravíssima” e pediram uma reação institucional.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, disse em nota que “não se pode tolerar qualquer discurso que ameace a integridade do Judiciário ou seus membros”.

O episódio aprofunda o desgaste político entre o Judiciário e setores mais radicalizados da direita brasileira.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, afirmou que não recua do que disse e que apenas relatou um fato ocorrido, segundo ele, em tom informal.

Foto: reprodução/Agência Câmara/Tv Senado