Bolsonaro adota estratégias de Lula para contestar denúncia de golpe

Para construir sua defesa, Bolsonaro e equipe questionam o juiz de garantias e a validade das provas.

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Adrissia Pinheiro

Publicado em: 07/03/2025 às 16:35 | Atualizado em: 07/03/2025 às 17:23

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) recorreu a estratégias semelhantes às usadas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para contestar a denúncia por tentativa de golpe.

Na noite de quinta-feira (6), a defesa de Bolsonaro enviou uma petição de 129 páginas ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que o ministro Alexandre de Moraes não julgasse o caso.

Além disso, criticou a “fishing expedition”, técnica de busca especulativa por provas, também argumentada na defesa de Lula durante a Lava Jato.

Cristiano Zanin, advogado de Lula, na época, destacou-se ao afirmar que houve conluio entre Sérgio Moro e o MPF para prejudicar Lula.

Agora, Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, alerta para o risco de “condenação ideológica”, citando o julgamento de Lula como precedente.

Ele pede a aplicação do “juiz de garantias”, argumentando que Moraes, por ter atuado como juiz instrutor, não poderia julgar o caso.

Vilardi também menciona julgamentos que invalidaram provas obtidas via “fishing expedition”, buscando limitar quebras de sigilo e proteger a privacidade dos investigados.

Além disso, na Lava Jato, Zanin defendeu que Lula era alvo de uma investigação sem provas concretas, com foco em incriminá-lo.

Ambas as defesas criticam a fragilidade das delações premiadas e o “document dump”, prática de anexar um grande volume de documentos à denúncia.

Por fim, Vilardi afirma que as 81 mil páginas anexadas à denúncia contra Bolsonaro carecem de “método, lógica ou organização”, argumento também usado na Lava Jato para rejeitar denúncias.

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil