Bolsonaro se treme todo só em pensar em delação de Braga Netto
Após a prisão de Braga Netto, militares enfrentam pressão crescente para delações, enquanto STF se surpreende com a gravidade dos atos investigados.

Diamantino Junior
Publicado em: 16/12/2024 às 10:03 | Atualizado em: 16/12/2024 às 10:03
A prisão do general Walter Braga Netto, ocorrida no sábado (14/12), trouxe à tona uma nova tensão no cenário político e militar brasileiro. Em sua defesa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou uma mensagem enigmática questionando a legalidade da prisão, sem mencionar o nome do aliado diretamente. O gesto, no entanto, é visto por fontes militares como uma tentativa de evitar que Braga Netto adira a uma delação premiada, movimento que poderia expor detalhes comprometedores sobre o círculo bolsonarista.
Entre investigadores e militares, a possibilidade de Braga Netto delatar é considerada remota devido à “lealdade militar” e ao apoio político demonstrado por Bolsonaro e outros aliados, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que classificou a prisão como “um atropelo”. Apesar disso, especialistas não descartam essa hipótese, relembrando precedentes como o de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco, que, mesmo improvável, negociou uma delação que revelou mandantes do crime.
Pressão sobre militares aumenta
A prisão de Braga Netto acirra a pressão sobre outros generais envolvidos em investigações, especialmente sobre Mario Fernandes.
Suspeito de integrar um grupo que teria planejado o assassinato de Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), Fernandes estaria em posição delicada caso optasse por colaborar com a Justiça.
Ele teria participado de reuniões nas quais Bolsonaro teria dito que “qualquer ação” seria válida até o fim de seu mandato, incluindo planos de assassinato de autoridades.
Apesar de o advogado de Fernandes, Marcus Vinicius Figueiredo, negar qualquer intenção de seu cliente em negociar uma delação, investigadores avaliam que a gravidade das penas pode levar a novos acordos de colaboração.
Comparações com o crime organizado
No Supremo Tribunal Federal (STF), a extensão e a gravidade das ações investigadas têm surpreendido os ministros.
Em conversas reservadas, membros da Corte compararam as práticas golpistas ao modus operandi de organizações criminosas como o PCC e o Comando Vermelho.
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“Se comportaram como gente do PCC e do Comando Vermelho”, afirmou um ministro, destacando o envolvimento de militares em esquemas de golpe e até no planejamento de assassinatos políticos.
A prisão de Braga Netto, aliada ao avanço das investigações e à pressão sobre outros generais, pode inaugurar uma fase ainda mais explosiva na apuração dos crimes atribuídos ao círculo bolsonarista. A lealdade militar está sendo testada enquanto as consequências jurídicas se aproximam.
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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi