Como fez com Hungria, Bolsonaro admite correr para qualquer embaixada

Jair Bolsonaro sugere buscar asilo em embaixada, após indiciamento por tentativa de golpe e organização criminosa pela Polícia Federal.

Diamantino Junior

Publicado em: 28/11/2024 às 14:35 | Atualizado em: 28/11/2024 às 14:38

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, em entrevista ao UOL, que poderá recorrer a uma embaixada para solicitar asilo caso venha a ser alvo de uma ordem de prisão. “Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”, afirmou.

A referência de Bolsonaro a um pedido de asilo remete ao episódio de 2023, quando o ex-presidente visitou a Embaixada da Hungria em Brasília, em um gesto interpretado como teste de possibilidade de abrigo político.

Na ocasião, março de 2024, os deputados Luciene Cavalcante (PSOL-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ) acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para solicitar a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após a divulgação da notícia de que ele se abrigou na embaixada da Hungria no Brasil em fevereiro.

Luciene encaminhou uma representação ao ministro Alexandre de Moraes nesta segunda-feira 25, depois de o jornal The New York Time revelar que o ex-capitão passou duas noites na representação húngara em Brasília.

As gravações mostram que Bolsonaro chegou à embaixada em 12 de fevereiro, acompanhado de dois seguranças, e lá permaneceu por dois dias.

Bolsonaro também defendeu que seu retorno dos Estados Unidos demonstra que não tem receio de ser responsabilizado judicialmente. “Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado”, disse.

A declaração ocorre em meio ao indiciamento do ex-presidente pela Polícia Federal (PF), que o acusa de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.

Segundo o relatório da PF, Bolsonaro teria planejado e coordenado diretamente ações que visavam um golpe de Estado, interrompidas apenas por fatores alheios à sua vontade.

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O documento também aponta que desde 2019 Bolsonaro e seus aliados teriam disseminado narrativas falsas sobre vulnerabilidades no sistema de votação eletrônico do Brasil.

Essa estratégia buscava criar uma base para contestar possíveis resultados eleitorais adversos e justificar ações golpistas após a derrota nas urnas.

O futuro político e jurídico de Bolsonaro permanece incerto, mas a afirmação sobre asilo reacende debates sobre suas estratégias caso as investigações avancem e resultem em consequências mais graves.

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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil