MP vê coincidências no acesso a cofre e compra de imóveis por Bolsonaro

Carlos Bolsonaro acessou um cofre bancário em dias de transações suspeitas de imóveis por Jair Bolsonaro, segundo apuração do MP-RJ sobre esquema de "rachadinha".

Filhos Bolsonaro

Diamantino Junior

Publicado em: 12/09/2024 às 20:42 | Atualizado em: 12/09/2024 às 20:42

O vereador Carlos Bolsonaro (PL) acessou um cofre no Banco do Brasil nas mesmas datas em que o ex-presidente Jair Bolsonaro adquiriu imóveis em transações apontadas como suspeitas. De acordo com informações bancárias, Carlos e seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL), utilizaram o serviço de cofre 153 vezes ao longo de 12 anos, com uma frequência média de uma vez por mês, e até duas entradas no mesmo dia.

Esses acessos são parte de uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra Carlos Bolsonaro, sob suspeita de envolvimento no esquema de “rachadinha” em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Embora a investigação tenha resultado na denúncia de sete servidores do vereador, o processo contra Carlos foi arquivado por falta de provas.

Sua defesa não comentou as novas informações, mas o vereador já havia demonstrado tranquilidade em relação ao arquivamento do caso.

Um dos momentos mais reveladores foi em 21 de janeiro de 2009, quando Carlos acessou o cofre por 20 minutos no mesmo dia em que Jair Bolsonaro comprou uma casa no Condomínio Vivendas da Barra.

A transação foi feita por R$ 409 mil, apesar de o imóvel ter sido adquirido pelos proprietários anteriores quatro meses antes por R$ 580 mil, o que indicou possível lavagem de dinheiro, segundo o Coaf.

Outros acessos coincidiram com operações imobiliárias de Flávio Bolsonaro, que também utilizava o cofre.

Em uma delas, no dia 26 de novembro de 2012, Flávio acessou o cofre um dia antes de comprar dois apartamentos em Copacabana por R$ 310 mil, transação que gerou suspeitas de lavagem de dinheiro.

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Apesar das alegações, Flávio Bolsonaro nega que os acessos ao cofre estejam ligados a essas transações imobiliárias.

Contudo, o MP-RJ coletou provas que sugerem o uso de dinheiro vivo nas compras, o que reforça as suspeitas sobre a origem dos valores envolvidos.

A denúncia contra Flávio também foi arquivada após a anulação das provas.

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