Bolsonaro e Costa Neto não se cheiram e plano do PL na eleição faz água

Divergências internas no PL e alianças com partidos de esquerda complicam a meta de eleger mil prefeitos nas eleições municipais de 2024, expondo conflitos entre Bolsonaro e Valdemar Costa Neto.

Diamantino Junior

Publicado em: 07/08/2024 às 14:02 | Atualizado em: 07/08/2024 às 15:30

Tensões políticas e divergências internas marcaram as convenções do Partido Liberal (PL) para as eleições municipais deste ano em alguns estados. A disputa pelo controle do partido e as alianças controversas, muitas vezes com partidos de esquerda, colocaram em xeque a meta do ex-presidente Jair Bolsonaro de eleger mil prefeitos em todo o país.

As desavenças entre Bolsonaro e o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, e a luta pelo apoio da base mais fiel do bolsonarismo destacam os desafios enfrentados pelo PL na consolidação de sua estratégia eleitoral.

Disputas e vetos internos

Na tentativa de fortalecer a base mais fiel, Bolsonaro trava um duelo com o comando do partido para vetar também nomes de centro.

À revelia de Valdemar, grupos de direita têm feito uma força-tarefa para denunciar neoaliados.

O objetivo é fortalecer a “guerra cultural” e preservar as bandeiras do bolsonarismo.

Em algumas cidades, o próprio ex-presidente procura privilegiar candidatos mais alinhados aos valores que o elegeram em 2018, independentemente da filiação partidária.

Divergências em São Paulo

As divergências entre Bolsonaro e Valdemar se concentram em São Paulo.

Em Guarulhos, Bolsonaro apoia a candidatura do deputado estadual Jorge Wilson (Republicanos), enquanto Valdemar apoia o vereador Lucas Sanches (PL).

Em Ilhabela, Bolsonaro apoia Diana Almeida Matarazzo (Podemos), enquanto Valdemar lançou Toninho Colucci (PL).

Em São Bernardo do Campo, apesar da falta de divergência, a decisão do partido de apoiar Alex Manente (Cidadania) contrariou militantes bolsonaristas.

Alianças controversas em outras Regiões

Em Búzios, no Rio de Janeiro, apesar de o PL ter candidato próprio, o ex-presidente apoia Alexandre Martins (Republicanos).

Em São Luís, Maranhão, uma aliança entre PT e PL se consolidou, contrariando a resolução de Valdemar que proíbe dobradinhas com o PT.

Flávio Bolsonaro, filho primogênito de Jair Bolsonaro, criticou o apoio a Rafael Aguiar em Búzios e as coligações com o PT no Maranhão.

Questões regionais e resoluções Internas

No Nordeste, PT e PL estarão juntos em diversas coligações.

Na Paraíba, coligações em Aparecida, Piancó, São José de Piranhas e Bananeiras reuniram candidatos de ambos os partidos.

O presidente do PL na Paraíba, Wellington Roberto, pertence à ala menos ligada a Bolsonaro, mas a resolução que impede aliança com o PT será cumprida, segundo integrantes do partido.

Marcelo Queiroga, candidato a prefeito de João Pessoa pelo PL, afirmou que as decisões locais podem ser alteradas por um ato administrativo do partido.

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Reações e medidas

Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, pediu que sejam denunciados casos de coligações com partidos de esquerda.

Nas redes sociais, militantes bolsonaristas pressionam por distanciamento da esquerda e até mesmo criticam figuras como Ricardo Salles, que recentemente se filiou ao Novo.

No Ceará, Carmelo Neto dissolveu o diretório municipal do partido em Ipueiras para impedir apoio a um candidato do PSB com vice do PT.

Impacto no futuro do partido

As divergências internas e as alianças controversas nas eleições municipais colocam em risco a meta de eleger mil prefeitos pelo Brasil.

A coesão interna do PL será testada à medida que as campanhas eleitorais avançam, e as resoluções do partido serão fundamentais para determinar o rumo das coligações e a fidelidade às bandeiras bolsonaristas.

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Foto: PL/Beto Barata