Rachadinhas: Bolsonaro tramou com general Heleno blindar filho Flávio
A PF descobriu um áudio de Bolsonaro e ex-ministros discutindo espionagem ilegal na Abin, ligado à investigação de "rachadinha" de Flávio Bolsonaro, que foi anulada em 2021.

Diamantino Junior
Publicado em: 11/07/2024 às 20:56 | Atualizado em: 11/07/2024 às 20:56
A Polícia Federal (PF) encontrou um áudio que revela uma conversa entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem.
Este áudio, descoberto durante a investigação sobre espionagem ilegal na Abin, foi “possivelmente” gravado por Ramagem e data de agosto de 2020.
O áudio foi mencionado no relatório da investigação sobre a Abin paralela, divulgado nesta quinta-feira (11/7) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após a retirada do sigilo do inquérito.
A gravação, com duração de 1 hora e 8 minutos, permanece sob segredo de Justiça.
A PF indica que a conversa está relacionada ao uso ilegal da Abin para obter informações sobre a investigação que envolvia o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e as acusações de “rachadinha” em seu gabinete quando era deputado estadual.
A advogada de Flávio, cujo nome não foi divulgado, também teria participado da conversa.
Em 2021, a investigação foi anulada pela Justiça.
Detalhes da conversa
De acordo com a PF, agentes envolvidos no esquema monitoraram três auditores da Receita Federal responsáveis pelo relatório fiscal que sustentou a investigação contra Flávio Bolsonaro.
“Neste áudio, é possível identificar a atuação de Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da Receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar os auditores de seus respectivos cargos”, destaca o relatório.
A investigação da PF concluiu que as ações discutidas na gravação foram efetivamente realizadas, comprovando a existência e atuação da Abin paralela durante o governo de Bolsonaro.
Em 2020, um dos três auditores foi exonerado pelo governo.
“As ações tratadas no áudio, segundo fontes abertas, se concretizaram, razão pela qual é elemento de prova que corrobora a atuação da estrutura paralela no interesse do núcleo político”, afirmaram os investigadores.
Defesa
Em resposta às acusações, o senador Flávio Bolsonaro declarou nas redes sociais que não tinha qualquer relação com a Abin e que a divulgação do relatório de investigação tinha o objetivo de prejudicar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro.
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“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura do delegado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, afirmou.
A Agência Brasil está tentando contato com os citados e permanece aberta para incluir seus posicionamentos no texto.
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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado