Bolsonaro quer ir a Israel de Netanyahu após massacre de Gaza

Ex-presidente busca autorização do STF para visitar Israel após convite de Netanyahu, enquanto seu passaporte está retido pela PF.

Diamantino Junior

Publicado em: 10/03/2024 às 19:58 | Atualizado em: 10/03/2024 às 20:39

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja viajar a Israel atendendo convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e está solicitando autorização ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para isso.

Bolsonaro teve seu passaporte apreendido pela PF em janeiro, como parte de uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Sua defesa já havia pedido anteriormente a substituição da proibição de viagem por medidas mais brandas, argumentando que não há risco de fuga.

O advogado Fábio Wajngarten confirmou o envio da solicitação, que incluirá detalhes sobre a programação de Bolsonaro em Israel, onde pretende visitar famílias de reféns, locais de ataques do Hamas e túneis construídos pelo grupo terrorista.

A solicitação vem em meio a crescentes tensões entre o governo brasileiro e Israel, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar as ações israelenses em Gaza ao extermínio de judeus durante o Holocausto, classificando a guerra no Oriente Médio como um “genocídio”.

Bolsonarismo e Israel

A presença de bandeiras de Israel na manifestação bolsonarista do último domingo (25/2) na Avenida Paulista gerou reações diversas.

Entidades judaicas no Brasil expressaram preocupação com a apropriação do símbolo por parte da extrema-direita, que o utiliza para promover uma visão distorcida de Israel como um país “conservador, branco e cristão”.

O Instituto Brasil-Israel, em nota, condenou a “instrumentalização da imagem de Israel” por grupos bolsonaristas.

Essa visão, segundo a entidade, ignora a realidade complexa e multicultural da sociedade israelense, marcada por “rachaduras internas” e “profundas feridas” causadas pela guerra.

Especialistas alertam que a utilização das bandeiras por bolsonaristas tem pouco a ver com o apoio à comunidade judaica brasileira e mais com a agenda política da extrema-direita.

O movimento Judeus Pela Democracia aponta para a influência da doutrina religiosa evangélica, que defende um “Israel bíblico” e se aproxima da “visão belicista e conservadora” do país.

As bandeiras também são usadas como símbolo de oposição ao governo Lula e à esquerda, que por sua vez, exibe bandeiras da Palestina em suas manifestações.

Essa polarização, intensificada pelo debate sobre o conflito no Oriente Médio, tende a se aprofundar no cenário político brasileiro.

A comunidade judaica brasileira, por sua vez, é plural e diversa, composta por pessoas de diferentes origens, classes sociais e posicionamentos políticos.

Leia mais no Poder 360

Leia mais no congressoemfocouol

Foto: Alan Santos/PR