Bolsonaro é atormentado pelo que Cid pode revelar sobre Michelle
Jair Bolsonaro teme que a delação de seu ex-auxiliar Mauro Cid afete a ex-primeira-dama Michelle.

Diamantino Junior
Publicado em: 22/09/2023 às 11:18 | Atualizado em: 22/09/2023 às 11:20
Jair Bolsonaro agora está apreensivo com a possibilidade de a delação de seu ex-auxiliar de confiança, Mauro Cid, ter implicação na situação da ex-primeira-dama Michelle.
Após a divulgação de informações pela coluna de que Cid teria revelado uma reunião do ex-presidente com líderes militares para discutir um possível golpe, membros da equipe de Bolsonaro entraram em ação para investigar se existem outros relatos que possam envolver Michelle.
O ex-presidente constantemente enfatiza para pessoas próximas que sua maior preocupação reside no possível envolvimento direto da ex-primeira-dama nas investigações.
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Uma das situações atualmente sob investigação pela Polícia Federal está relacionada aos pagamentos das despesas da ex-primeira-dama.
Mensagens interceptadas pelos investigadores indicam que o então auxiliar de confiança de Bolsonaro orientou assessoras de Michelle a quitar despesas em dinheiro vivo. Além disso, a PF identificou depósitos feitos pelo militar para a ex-primeira-dama.
Conforme reportado anteriormente, Michelle afirmou a seus advogados que nunca manteve uma relação próxima com o tenente-coronel, nem trocou mensagens diretamente com Cid.
Ela alega que todas as comunicações ocorriam por meio de suas assessoras, como evidenciado pelas mensagens encontradas no celular de Cid e obtidas pela PF.
Diante desses acontecimentos, Bolsonaro tem afirmado a seus advogados que Cid desempenhava o papel de “faz tudo” para o casal e utilizava recursos pessoais para quitar as despesas.
Prisão
A Polícia Federal aceitou fechar um acordo de delação premiada com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o blog da Andreia Saí, Cid deu depoimentos à PF nos últimos 20 dias. O Ministério Público Federal (MPF) ainda precisa ser ouvido sobre quais as condições para o acordo ser firmado. Além disso, a delação premiada só passa a valer após homologação (aval) do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ainda não há informações sobre qual será o foco da delação, isso porque Cid é investigado em mais de um caso. Segundo os investigadores, o ex-ajudante de ordens é suspeito de:
- participar da tentativa de trazer de maneira irregular para o Brasil joias recebidas pelo governo Bolsonaro como presente da Arábia Saudita;
- tentar vender ilegalmente presentes dados ao governo Bolsonaro por delegações estrangeiras em viagens oficiais;
- participar de uma suposta fraude de carteiras de vacinação de Bolsonaro e da filha de 12 anos do ex-presidente;
- envolvimento nas tratativas sobre possível invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto, para desacreditar o sistema judiciário brasileiro.
- envolvimento em tratativas sobre um possível golpe de estado.
Em 28 de agosto, Cid passou mais de 10 horas depondo na sede da PF, em Brasília, no âmbito da investigação que apura a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelo hacker Walter Delgatti Neto, para desacreditar o sistema judiciário brasileiro. Naquela altura, o acordo já vinha sendo negociado.
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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado