Investigação de empresários golpistas revela digital de Bolsonaro
A investigação sobre empresários que debatiam um possível golpe de Estado encontra indícios da participação de Jair Bolsonaro na disseminação de desinformação e ataques a instituições.

Diamantino Junior
Publicado em: 22/08/2023 às 12:18 | Atualizado em: 22/08/2023 às 12:19
A investigação que estava voltada para a alegada promoção de um golpe de Estado por parte de conhecidos empresários brasileiros, esbarrou em um claro exemplo da própria participação do ex-presidente Jair Bolsonaro no impulsionamento de desinformação e ataques às instituições.
A investigação teve início em 2022, após o portal Metrópoles revelar diálogos pró-golpe em um grupo frequentado por empresários de renome, em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a busca e apreensão de dispositivos eletrônicos e outros itens de oito desses empresários.
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Recentemente, o ministro decidiu que dois desses empresários, Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan, permaneceriam sob investigação.
As acusações contra os outros seis indivíduos foram arquivadas. O entendimento do ministro é de que, embora tenham compartilhado desinformação, isso ocorreu dentro dos limites da liberdade de expressão. No caso de Nigri, a investigação continua por mais 60 dias, no mínimo.
A Polícia Federal (PF) menciona a relação próxima entre Nigri e Bolsonaro, suspeitando que ele possa ter sido um meio de disseminar ataques às instituições em seus grupos.
Uma mensagem específica é apontada pela PF. Vindo do contato “PR Bolsonaro 8”, que se presume ser de um número do ex-presidente, como registrado na decisão do STF.
Essa mensagem foi encontrada no celular de Meyer Nigri e inclui não apenas ataques a membros do Supremo, mas também notícias falsas sobre urnas eletrônicas, pesquisas eleitorais e, por fim, uma instrução: “Repasse ao máximo”, destacada em caixa alta.
Além disso, menciona uma suposta fraude, sem base em evidências palpáveis, e critica um instituto de pesquisa, alegando que manipulava os números em favor de Lula, que saiu vitorioso nas eleições, como é sabido.
Na mensagem atribuída a Bolsonaro, o ex-presidente critica a posição do ministro Luís Roberto Barroso, que defendia a integridade do processo eleitoral, e aborda a defesa do voto eletrônico como “interferência”.
Após a ordem para difundir a desinformação e atacar Barroso e outros ministros do STF e TSE sem serem nomeados, Bolsonaro recebe uma resposta de Nigri.
“Já compartilhei com vários grupos!” Encerrando sua interação com o ex-presidente, o empresário lhe envia “abraços de Veneza”.
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Foto: Natanael Alves/PL