Bolsonaristas dominam canais no Telegram e medo de fake news cresce
Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mapeou os principais grupos e canais de discussão política no aplicativo

Publicado em: 14/06/2021 às 15:21 | Atualizado em: 14/06/2021 às 15:27
Grupos e canais políticos no Telegram tiveram crescimento explosivo no Brasil desde 2020, e o aplicativo deve ser um dos principais veículos de desinformação na eleição de 2022, alertam especialistas e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mapeou os principais grupos e canais de discussão política no aplicativo.
Segundo o levantamento, 92,5% dos usuários que seguem temas políticos estão em grupos e canais bolsonaristas (com um total de 1,443 milhão de membros), 1% em grupos e canais de esquerda (principalmente de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidenciável Ciro Gomes, com 15.956 membros) e 6,5% em grupos e canais indefinidos (100.199).
O volume mensal de mensagens nos grupos monitorados saiu de 21.805 em janeiro de 2020 para picos de 98.526 em maio de 2020 e 145.340 em janeiro de 2021 — aumento de 566% no período de um ano.
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Embora o WhatsApp continue sendo o serviço de mensagens criptografadas mais usado no país, o Telegram desperta enorme preocupação porque não tem escritório no Brasil, não modera conteúdo, nem adota medidas para evitar viralização de desinformação.
O aplicativo é baseado em Dubai, nos Emirados Árabes, e tem representação legal no Reino Unido.
Além disso, o Telegram é a única das principais plataformas que não coopera com o TSE para combater campanhas de fake news.
Enquanto os grupos do WhatsApp têm no máximo 256 membros, os do Telegram têm até 200 mil —e os canais, que funcionam como listas de transmissão, não têm limite de integrantes. O canal verificado do presidente Jair Bolsonaro tinha 145 mil membros em janeiro e, agora, tem 705 mil.
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