Bolsa-Família e queda do desemprego reduzem desigualdade social no país
O recuo nos índices é o maior dos últimos tempos.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas*
Publicado em: 23/04/2025 às 16:08 | Atualizado em: 23/04/2025 às 16:08
A geração de empregos formais e a regra de proteção do Bolsa-Família contribuíram com a redução da desigualdade social em 2024 no país, sendo registrada nos últimos anos.
É o que revela o estudo da FGV Social, baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Por exemplo, a renda do trabalho dos mais pobres do Brasil cresceu 10,7% em 2024. O ritmo foi 50% maior do que o verificado entre os 10% mais ricos (6,7%). A renda do trabalho subiu, em média, 7,1%.
“Tivemos uma redução muito forte da desigualdade em 2024. E tudo isso está mais forte em termos de renda do trabalho do que em relação a outros componentes de renda”, explica Marcelo Neri, pesquisador da FGV responsável pelo estudo.
No caso do Bolsa-Família, permite aos beneficiários permanecerem no programa por até dois anos, mesmo depois de conseguirem emprego com carteira assinada ou aumento de renda. Nesse caso, a família recebe 50% do valor do benefício.
Em 2023, portanto, o governo federal retomou o Bolsa-Família com aumento de 44% no valor médio recebido por beneficiário em função de novas categorias que espelham melhor o número de crianças, gestantes e nutrizes na composição familiar.
No ano passado, 75,5% das vagas criadas no mercado formal de trabalho foram ocupadas por beneficiários do Programa Bolsa-Família e 98,8% por pessoas inscritas no Cadastro Único, conforme mostra o cruzamento de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Leia mais
Desigualdade persiste como grande mazela nacional
Nordeste lidera
Sobretudo, o Nordeste se destacou como a região com maior crescimento da renda do trabalho no Brasil em 2024, registrando aumento de 13% – quase o dobro da média nacional, de 7,1%.
Assim, o estudo da FGV evidenciou a redução de desigualdades na região, com os maiores avanços concentrados entre grupos historicamente excluídos, como trabalhadores com baixa escolaridade.
Estados
Dessa forma, entre os estados que mais tiveram crescimento, os quatro primeiros são nordestinos: Sergipe (32,47%), Pernambuco (19,78%), Bahia (19,42%) e Paraíba (18,62%), seguidos por Tocantins (17,71%), da região Norte. Oito estados do Nordeste, dos nove que compõem a região, estão entre os dez primeiros.
“É uma marca de um crescimento forte no Nordeste que voltou a acontecer na renda do trabalho que é estrutural. A região não apenas cresceu mais, mas distribuiu melhor os ganhos, especialmente na base da pirâmide social”, analisa Marcelo Neri, pesquisador da FGV responsável pelo estudo.
Aumento da igualdade
Além disso, o país experimentou no ano passado um aumento da igualdade e observou um período de prosperidade.
“Primeiro ponto que a gente não pode naturalizar é o fato de que houve prosperidade do trabalhador brasileiro, com 7,1% de crescimento. Segundo, que não acontecia há algum tempo, era um aumento da igualdade, uma redução da desigualdade que vale por 2,9 pontos (índice Gini). Então, só essas duas partes fazem com que o bem-estar dos brasileiros cresça a 10,2%”, Marcelo Neri, pesquisador da FGV responsável pelo estudo..
*Com informações da Secom da Presidência da República.
Foto: Lyon Santos/MDS