Balas que mataram Marielle podem ter saído da Polícia Federal
Cartuchos recolhidos teriam número de série de munição comprada pela PF

Ferreira Gabriel
Publicado em: 29/07/2023 às 16:38 | Atualizado em: 29/07/2023 às 16:38
A delação do ex-PM Élcio de Queiroz trouxe novos elementos para a investigação da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
Além de terem revelado o ex-policial Ronnie Lessa como autor dos disparos, também foi descoberto a origem das balas que mataram a vereadora e o motorista.
De acordo com as investigações, as balas de uso restrito da Polícia Federal, também foram usadas em outros crimes no Rio, tanto em áreas de milícia quanto de tráfico, nas zonas Oeste e Norte.
A primeira fase da investigação, concluída em março de 2019, mostrou que a perícia técnica da Polícia Civil do Rio revelou que oito projéteis, encontrados nos corpos das vítimas e no carro em que estavam, eram do lote UZZ 18, produzidos pela marca brasileira CBC, e um deles, importado, da marca Indumil.
A questão está no lote UZZ 18, vendido exclusivamente para a Polícia Federal, em 2006, sendo distribuído um ano depois para todas as superintendências do Brasil. Só à do Rio chegaram 200 mil unidades. Esse lote tem balas de diferentes calibres: 9mm, 5,56 e 7,62 (os dois últimos usados em fuzis), o que dificulta o trabalho dos agentes.
Durante a investigação do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em 2011, em Niterói, além da quebra do sigilo telefônico das antenas de telefonia, que permitiu a localização dos autores do crime, a identificação do lote do projétil foi fundamental para descobrir a origem da munição. Ela era usada pelos policiais do 7º BPM (São Gonçalo). As provas levaram 11 PMs à condenação pela morte da magistrada.
No caso Marielle, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) chegou a enviar um ofício com perguntas sobre a munição à PF, que respondeu, em 29 de março de 2018, que a aquisição do lote foi feita num único processo licitatório conduzido por Brasília.
Acrescentou que não havia “informações sobre desvio” e que os projéteis desse lote foram usados durante os jogos Pan-Americanos, em 2007, inclusive em treinamento. De qualquer forma, a PF instaurou uma sindicância à época.
Leia mais na matéria de Vera Araújo no Extra
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Foto: Reprodução/Facebook