Balanço de depoimentos até agora confirma plano de golpe de Bolsonaro

Ex-comandantes das Forças armadas, governadores, militares, parlamentares e ex-integrantes de alto escalão do governo Bolsonaro fazem parte da lista

Bolsonaro terá 'acesso integral' a provas do processo do golpista, decide Moraes

Ednilson Maciel,

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 27/05/2025 às 10:59 | Atualizado em: 27/05/2025 às 11:06

O balanço de depoimentos de testemunhas da trama golpista de Jair Bolsonaro (PL) até agora ao Supremo Tribunal Federal (STF) confirmam o plano de golpe do ex-presidente.

A Corte tem até o dia 2 de junho para ovir as testemunhas da ação penal contra o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado.

Dessa forma, o ex-comandantes das Forças armadas, governadores, militares, parlamentares e ex-integrantes de alto escalão do governo Bolsonaro fazem parte da lista.

Conforme o portal Terra, a última semana, que abriu os dez dias de depoimentos, foi marcada pela confirmação da existência da chamada “minuta do golpe”, pelo ex-comandante do Exército e general da reserva Marco Antônio Freire Gomes.

Por exemplo, o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Baptista Junior confirmou a versão de que o almirante da Marinha teria colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro.

Ex-analista da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça, Clebson Ferreira de Paula Vieira afirmou que recebeu encomendas de estudos sobre a distribuição de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Segundo Vieira, que é testemunha de acusação na ação penal, os pedidos foram para analisar dados de concentração de votos acima de 75%, tanto para Lula quanto para Bolsonaro, e para distribuir para a PRF um painel para possível tomada de decisão.

Existência de ‘minuta golpista’

Assim, o ex-comandante do Exército e general da reserva, também testemunha de acusação, Marco Antônio Freire Gomes confirmou em depoimento a existência da chamada “minuta golpista”, apresentada em reunião com o então ministro Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, os outros dois chefes das Forças Armadas e Bolsonaro.

Além disso, o militar acrescentou que os “considerandos” eram embasados em aspectos jurídicos e na Constituição, e foram apresentados inicialmente como hipóteses em estudo, que ainda seriam aperfeiçoadas.

Ele também disse que avisou Bolsonaro que o Exército não participaria de nenhuma iniciativa que violasse a Constituição.

Ex-chefe da FAB revela que Bolsonaro fez ‘brainstorm’ para editar minuta do golpe

Ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Junior confirmou que em uma das reuniões após o segundo turno das eleições de 2022, foram aventadas possibilidades do que se faria para concluir o golpe.

Segundo ele, foi feito um “brainstorm” em que a hipótese de prender o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, foi colocada sobre a mesa.

O ex-chefe da FAB também disse que comunicou a Bolsonaro que não havia evidências de que as urnas eletrônicas tivessem falhas, em diversas reuniões, e confirmou a versão de que o almirante Almir Garnier, então chefe da Marinha, colocou suas tropas à disposição do ex-presidente para dar o golpe.

Dessa forma, Baptista Junior também confirmou que o general Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro caso houvesse um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para evitar a posse de Lula, eleito em outubro de 2022. O alerta foi feito em uma reunião no Palácio da Alvorada em novembro daquele ano.

Leia mais no portal Terra.

Leia mais

Testemunhas complicam sua vida e Bolsonaro pede que Moraes pare audiências

Foto: Wilson Dias/Agência Brasi