Aviação internacional: Norte é estratégico, mas precisa de infraestrutura
A região pode alavancar a aviação doméstica e atrair novos voos internacionais.

Diamantino Junior
Publicado em: 12/10/2024 às 13:49 | Atualizado em: 12/10/2024 às 13:52
Os aeroportos das regiões Norte e Nordeste têm potencial para transformar o Brasil em um importante hub de conexões para o mercado internacional de aviação, devido à sua posição geográfica estratégica. No entanto, para que isso se concretize, é fundamental aumentar os investimentos em infraestrutura, principalmente nos terminais do Norte, que ainda carecem de desenvolvimento adequado para atrair companhias estrangeiras.
Enquanto os maiores aeroportos do Nordeste, como os de Salvador, Fortaleza e Recife, já demonstram capacidade de operar rotas internacionais – com Salvador, por exemplo, inaugurando voos diretos para Paris no dia 28 pela Air France – os terminais do Norte, como o de Belém, começam a ganhar destaque, impulsionados pela escolha do Pará como sede da COP-30. Isso deve aumentar o interesse de turistas internacionais na região.
De acordo com José Ricardo Botelho, CEO da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), a região Norte tem grande potencial como ponto de parada para conexões internacionais. “Se uma companhia para no Norte, outra brasileira pode fazer um codeshare com ela, abrindo várias possibilidades”, afirma.
Impacto nas rotas nacionais
O crescimento das operações internacionais no Norte e Nordeste também pode impulsionar a aviação doméstica e regional. O advogado Victor Hanna, especialista em aviação, explica que essa expansão pode aumentar a demanda por voos para outros polos econômicos do país, como o Sudeste, que concentra a maioria das rotas internacionais.
A chegada de novos turistas europeus, como os esperados em Salvador após o início dos voos para Paris, também deve beneficiar cidades como Porto Seguro e Maceió, segundo o advogado Eduardo Martins Pereira.
Desafios de infraestrutura
Apesar dos avanços nos maiores aeroportos das capitais, Botelho destaca que os terminais regionais ainda são uma barreira para o crescimento do setor.
Desde o projeto lançado em 2012 pela então presidente Dilma Rousseff para estruturar 270 aeroportos regionais, pouco progresso foi feito.
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A meta foi reduzida e governos posteriores falharam em concretizar o plano. Para reverter esse cenário, o governo atual lançou o Programa de Universalização do Transporte Aéreo, que promete estruturar 120 aeroportos regionais até 2026.
Regulação e incentivos
Além da infraestrutura, o Brasil precisa modernizar sua regulação para criar um ambiente mais atrativo para as companhias aéreas. Marcelo Bento, diretor da Aena, concessionária que opera seis aeroportos no Nordeste, afirma que políticas de incentivo são renovadas a cada seis meses para estimular o crescimento do tráfego internacional.
No início do ano, a Embratur lançou o Programa-piloto de Aceleração do Turismo Internacional (PATI), que prevê um incentivo financeiro de R$ 40 por assento para novos voos que pousarem no Brasil entre outubro de 2024 e março de 2025.
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