“Não sou assassino, nem Herodes”, diz Arthur sobre retorno das aulas municipais

Em entrevista a José Luiz Datena, prefeito de Manaus afirmou que não acredita na chamada "imunidade do rebanho" do coronavírus na capital

Israel Conte, da redação do BNC Amazonas

Publicado em: 25/08/2020 às 14:12 | Atualizado em: 25/08/2020 às 14:13

O prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB) afirmou que as aulas nas escolas municipais continuarão suspensas por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

O chefe do Executivo municipal não acredita na chamada “imunidade do rebanho” em Manaus, uma vez que já há casos de reinfecção da doença registrados em outros países.

“Não acredito em imunidade do rebanho. O vírus muda. Tem mil caras. […] Minhas escolas estão fechadas. Não tenho vocação nem para assassino, nem para Herodes”, declarou em entrevista terça-feira, dia 25, ao jornalista José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes.

Estudos 

Datena iniciou a conversa citando estudos da Universidade de São Paulo e da Escócia, que apontam que Manaus pode ser a primeira cidade do mundo a atingir a imunidade de rebanho, ou seja  quando a taxa de infecção chega a um nível que freia sua disseminação.

Arthur não crê que a capital já tenha alcançado o patamar.

“Vamos analisar números. Pega São Paulo, pega Manaus. Diz que houve imunidade do rebanho. Mas só 10% da população dessas cidades foram beneficiadas, supostamente, por essa imunidade. Puxa, se 10% estão imunizados, 90% estão desprotegidos!”, comentou.

 

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E prosseguiu.

“O vírus muda. Tem mil caras. Em Hong Kong houve caso de reinfecção. Mas não somente de reinfecção. Era uma outra linhagem do vírus”,  referiu-se o prefeito ao caso do chinês de 30 anos, que foi infectado novamente com o coronavírus quatro meses e meio após sua primeira infecção.

Negacionismo

Arthur disse ainda a José Luiz Datena que as pregações negacionistas, inclusive as feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), contribuem para a negligência das pessoas no trato com a Covid-19.

“Tenho visto é muita irresponsabilidade por parte do nosso povo, inclusive, porque simplesmente vai todo mundo pra rua. Sem máscara. As pregações negacionistas  que fizeram, a começar pelo presidente [Jair Bolsonaro], isso tudo fez um pouco a cabeça das pessoas que se achavam invencíveis, intocáveis . E não é assim”, afirmou o prefeito, que passou 29 dias internado tratado o coronavírus.

“Eu vi a morte de perto e ela estava morta. Saí com sequelas momentâneas da Covid-19. Saí muito cansado e sem voz. Não foi uma coisa fácil”, afirmou.

O prefeito entende que o coronavírus é, também, uma tragédia econômica.

Mas que abrir o comércio somente por voluntarismo, não resolve.

“[É uma] tragédia econômica que não resolve só com voluntarismo, mandado abrir [o comércio].  É preciso consumidor pra poder mandar abrir, abrir com muito cuidado. […] Minhas escolas estão fechadas. Não tenho vocação nem para assassino, nem para Herodes. Eu não mato crianças e nem quero matar as pessoas. Então, eu vou com muito cuidado.Vai trabalhar? Volte pra sua casa logo. Evite festas e zan-zar por aí. Evite manifestações suicidas”, aconselhou.