Alimentos caros ofuscam melhor renda e mais empregos

O aumento dos preços dos alimentos tem limitado a recuperação do poder de compra no Brasil, afetando a economia e a popularidade do governo Lula.

Diamantino Junior

Publicado em: 02/02/2025 às 10:16 | Atualizado em: 02/02/2025 às 10:16

O estudo do economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA, publicado pela Folha de S.Paulo, revela que a inflação dos alimentos tem sido um dos principais obstáculos para a recuperação do poder de compra dos brasileiros. Apesar do crescimento da renda média e da melhora no mercado de trabalho, o encarecimento da cesta básica impede que os consumidores sintam essa evolução no dia a dia.

O levantamento cruzou o custo da cesta básica com a evolução do salário mínimo e mostrou que, antes da pandemia, um salário mínimo comprava, em média, 2,07 cestas básicas em São Paulo.

No entanto, após o início da crise sanitária e o impacto da Guerra na Ucrânia, essa relação caiu para 1,51 em 2022, no governo de Jair Bolsonaro.

Embora tenha havido uma recuperação parcial nos anos seguintes, o estudo indica que o poder de compra ainda não retornou ao patamar pré-pandemia.

Atualmente, um salário mínimo consegue comprar cerca de 1,7 cesta básica, um número abaixo dos níveis de 2010 a 2019.

As projeções para os próximos anos não apontam grandes mudanças: estima-se que essa relação se mantenha próxima desse valor até 2026, o que demonstra uma estagnação no poder de compra da população.

Além da inflação alimentar, fatores como a desvalorização do real e os impactos climáticos na produção agrícola contribuem para manter os preços elevados.

Diante desse cenário, o governo Lula enfrenta dificuldades para adotar medidas eficazes que reduzam os custos da alimentação.

Leia mais

Ano de 2024 fecha com alta do PIB, emprego recorde e juros altos

O presidente já descartou iniciativas intervencionistas, como a taxação das exportações do agronegócio, mas ainda busca alternativas para conter a alta dos preços.

Especialistas sugerem que um maior compromisso com o equilíbrio fiscal e investimentos em políticas de mitigação climática poderiam amenizar o impacto da inflação sobre os alimentos.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil