Abin paralela de Bolsonaro cogitou ‘tiro na cabeça’ de Moraes

A Polícia Federal identificou ameaças contra Alexandre de Moraes em mensagens da 'Abin paralela' e prendeu quatro envolvidos em esquema de espionagem ilegal e notícias falsas.

alexandre de moraes

Diamantino Junior

Publicado em: 11/07/2024 às 21:27 | Atualizado em: 11/07/2024 às 21:27

As investigações da Polícia Federal (PF) que culminaram na operação realizada nesta quinta-feira (11/7) revelaram trocas de mensagens entre integrantes da chamada “Abin paralela” durante a gestão de Jair Bolsonaro. Nas mensagens, membros da estrutura sugerem ações violentas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, incluindo um “tiro na cabeça” do magistrado.

Em conversas de agosto de 2021, enquanto discutiam um inquérito da PF sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dos investigados comentou: “Tá ficando foda isso. Esse careca tá merecendo algo a mais”.

Outro investigado respondeu com “7.62” (referente ao calibre de uma munição), e o interlocutor acrescentou: “head shot”, que significa “tiro na cabeça”.

Além das ameaças, os investigados debateram medidas como a abertura de um processo de impeachment contra o ministro.

As quebras de sigilo dos celulares dos investigados revelaram a produção de um dossiê contra Alexandre de Moraes.

A Polícia Federal realizou a 4ª fase da Operação Última Milha para desarticular a organização criminosa envolvida em monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas, utilizando sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Mandados de prisão e buscas

Foram expedidos pelo STF cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão nas cidades de Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

Até o momento, quatro pessoas foram presas: Giancarlo Gomes Rodrigues, Matheus Sposito (ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social na gestão passada), Marcelo de Araújo Bormevet e Richards Dyer Pozzer. Uma pessoa ainda não foi localizada.

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Entre os alvos da ação estão ex-servidores cedidos à Abin e influenciadores digitais que faziam parte do “gabinete do ódio” do governo Bolsonaro.

As investigações também indicaram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, que incluíam a criação de perfis falsos e divulgação de informações falsas.

A organização criminosa acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

Crimes e responsabilidades

“Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio”, informou a Polícia Federal em nota.

Divulgação e esclarecimentos

A operação desta quinta-feira e os desdobramentos da investigação continuam em andamento, e novas informações podem surgir à medida que a Polícia Federal prossegue com a apuração dos fatos e a busca pelos envolvidos.

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