8 de Janeiro | 1 ano: documentário traz bastidores e imagens exclusivas

O filme, com direção de Julia Duailibi e Rafael Norton, mostra como foi a retomada do controle pelo governo

Ferreira Gabriel

Publicado em: 08/01/2024 às 09:46 | Atualizado em: 08/01/2024 às 09:48

O documentário “8/1 – A democracia resiste”, que estreiou neste domingo (7), na GloboNews, revela bastidores sobre atos golpistas. 

O filme, com direção de Julia Duailibi e Rafael Norton, mostra como foi a retomada do controle pelo governo, além de imagens e depoimentos exclusivos sobre negociações tensas. 

Em um desses momentos de tensão entre militares e membros do governo, o comandante do Exército, general José César Arruda chama ministros e o interventor Ricardo Capelli para uma reunião no Comando Militar do Planalto — e o assunto sobre a prisão dos vândalos surge.

“Digo pro comandante: ‘Vamos cumprir o que a lei manda’. E aí ele diz: ‘Não, não vão’. A imensa maioria das Forças Armadas no dia 8 de janeiro foi legalista. Chegamos depois de um longo diálogo a um ponto de mediação. E nós fizemos o acordo de prender às seis horas da manhã”, disse Flávio Dino.

O interventor Ricardo Capelli argumenta com Arruda sobre a possibilidade de prisão dos envolvidos, e recebe uma resposta negativa.

“Passei a argumentar com o general Arruda sobre a necessidade de imediatamente desmontar o acampamento e prender todos que estavam ali. E eu fiz a afirmação e falei pra ele: ‘O senhor concorda, general?’. Aí ele falou: ‘Não'”, afirmou, em entrevista exclusiva ao documentário.

No dia 8 de janeiro Araraquara, no interior de São Paulo, estava em situação de emergência devido às chuvas, que deixaram seis mortos. O presidente Lula e a primeira dama Janja visitavam a cidade para ver os estragos.

“Eu falei pra Janja, vamos passar em Araraquara antes da gente chegar em Brasília, pra gente ver o que a gente pode fazer pelo Edinho” [prefeito], disse Lula no filme, que traz imagens exclusivas do presidente chegando na cidade.

Segundo o prefeito Edinho Silva, nesse momento, sequer havia informação sobre o que já estava acontecendo em Brasília.

O presidente Lula, assim que soube da proporção do problema, diz que ligou para o Gonçalves Dias e determinou a retirada dos manifestantes do Palácio. Existe um protocolo de defesa do Palácio do Planalto chamado “Plano Escudo”, criado para situações de emergência, mas até aquele momento ele não tinha sido acionado para conter os invasores.

Naquele momento, militares defenderam que a retomada da situação só se daria com a decretação da GLO. Por meio dela, o presidente autorizaria a entrada do exército em campo.

“Inclusive foi a Janja que invalidou: ‘Não aceita a GLO porque GLO é tudo que eles querem. É tomar conta do governo’. Se eu dou autoridade pra eles, eu tinha entregado o poder pra eles”, diz Lula.

“Eu tomei a decisão, falei pro Flávio Dino: ‘Vamos fazer o que tiver que fazer, não tem GLO'”, acrescentou o presidente.

O presidente então decide pela intervenção na segurança do Distrito Federal, liderada por Flávio Dino.

Leia mais

Lesa Pátria: Polícia Federal amanhece nas ruas neste 8 de janeiro

8 de Janeiro: de cada 10 brasileiros, 9 condenam atos dos golpistas

Imagens inéditas

A equipe do documentário conseguiu mais de 500 horas gravadas pelas câmeras de segurança. Em um dessas imagens inéditas, Ricardo Capelli comanda a segurança do Ministério da Justiça.

“Desci porque você tinha uma série de ministros, autoridades lá em cima, imagina se eles decidem invadir o Palácio da Justiça. (…) Eu me apresentei, dei uma voz de comando neles e coloquei eles em linha aqui. Determinei que daqui, aqui assim, aí botei eles em linha aqui e determinei que daqui pra lá ninguém mais passasse”, disse Capelli.

Leia mais no G1

Foto: Reprodução