Afinal, o pai da arepa são colombianos ou venezuelanos?
Debate se acirra nas redes, atravessa fronteiras e chega à Unesco.

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 25/04/2025 às 14:38 | Atualizado em: 25/04/2025 às 14:38
Poucos elementos unem tanto um povo quanto a comida. E nada divide tanto quanto a pergunta: quem inventou essa receita?
A disputa mais recente gira em torno da arepa. Colombianos e venezuelanos a tratam como símbolo nacional e parte essencial da identidade.
Ela é feita de milho, redonda, simples. Mas desperta paixões intensas e brigas acaloradas sobre qual país tem a versão “original”.
Tradição indígena e disputa moderna
A origem da arepa remonta às culturas indígenas do norte da América do Sul. Os espanhóis já documentavam seu consumo no século XV.
O nome vem da palavra “erepa”, da língua cumanagoto, falada onde hoje é a Venezuela. Mas versões semelhantes já circulavam em toda a região.
Com o tempo, cada país criou sua variação. Na Colômbia, é crocante e acompanha outros pratos. Na Venezuela, vira refeição, recheada e macia.
Os colombianos preferem usar milho fresco. Já os venezuelanos, farinha pré-cozida, mais prática para migrar e vender em outros países.
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Arepa como símbolo político e migrante
Com a crise na Venezuela, milhões migraram e, como consequência, levaram sua arepa junto. Assim, o prato ganhou o mundo pelas mãos da diáspora.
Por exemplo, em cidades colombianas, areperias venezuelanas se espalharam rapidamente. Além disso, na Europa, como em Roterdã, o prato aparece em cardápios cada vez mais mistos.
Enquanto isso, Nicolás Maduro tenta, por sua vez, “oficializar” a paternidade venezuelana. Para isso, pediu à Unesco que reconheça a arepa como patrimônio do país.
A resposta, no entanto, veio com memes, piadas e farpas entre vizinhos.
Historicamente, a verdade é que não faz sentido dar “paternidade” a pratos indígenas pré-colombianos. Afinal, a chegada dos espanhóis só misturou ainda mais as influências.
Atualmente, a arepa é feita também na Espanha, especialmente nas Ilhas Canárias. Além disso, em cada região sul-americana, ela ganha novos sabores e recheios.
Assim como os tamales e tacos, a arepa pertence à América Latina — e, agora, ao mundo. E, no fim das contas, isso é o que realmente importa.
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Foto: reprodução/YouTube