“Quem tem sindicato nunca está sozinho”

Conforme o sociólogo Aldenor Ferreira, a frase que dá título e conclui o artigo "sintetiza a realidade do mundo do trabalho". Leia

Ednilson Maciel, por Aldenor Ferreira*

Publicado em: 03/08/2024 às 02:09 | Atualizado em: 03/08/2024 às 07:49

“Quem tem sindicato nunca está sozinho”. Esta frase estava estampada na camiseta dos professores da Associação dos Professores da Universidade Federal do Rio Grande (APROFURG) durante a 67ª Conferência do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), realizada em Belo Horizonte-MG na semana passada.

Ao ler esta frase, passei a refletir sobre a verdade que ela comunicava. De fato, sem o sindicato, uma fundamental instituição da classe trabalhadora e da sociedade, é muito difícil fazer qualquer tipo de reivindicação e de luta. A Reforma Trabalhista do governo de Michel Temer, implementada em 2017, desarticulou bastante os sindicatos ao estabelecer o fim da compulsoriedade da contribuição sindical.

O objetivo desta medida foi fazer com que os(as) trabalhadores(as) ficassem, cada vez mais, vulneráveis diante das investidas do grande capital em cima dos seus parcos direitos. De certa forma, conseguiram, mas ainda há resistências diante deste quadro.

Sindicatos e associações docentes

Os sindicatos e as associações de professores desempenham importante papel na defesa da educação pública e dos profissionais que atuam neste segmento. São, portanto, instituições fundamentais para conter o avanço das políticas neoliberais no campo da educação. Atuam como diques de contenção à precarização do trabalho docente, portanto, fazem a resistência.

Atuando de maneira prática, os sindicatos e as associações de professores(as) são importantes agentes na defesa dos direitos trabalhistas, no apoio jurídico e profissional em situações como demissões injustas e outras, bem como na formação continuada dos(as) filiados(as). Ademais, eles são importantes na negociação de salários, benefícios, condições de trabalho e cargas horárias. 

As ações visam sempre garantir que os(as) professores(as) tenham condições dignas de trabalho, protegendo-os(as) contra os abusos e a precarização do trabalho docente. Em caso de disputas ou problemas legais no ambiente de trabalho, os sindicatos e as associações também oferecem suporte jurídico e orientação profissional. Isto pode incluir desde a defesa em processos até a mediação de conflitos com a gestão da escola ou universidade.

Conclusão

Os sindicatos dos(as) professores(as), nisto insisto, são essenciais para a garantia de condições justas e dignas de trabalho, para o apoio contínuo ao desenvolvimento profissional dos(as) educadores(as) e para a promoção e manutenção da qualidade da educação. 

Neste sentido, a frase “quem tem sindicato nunca está sozinho” é uma brilhante frase que sintetiza a realidade do mundo do trabalho não apenas da educação, mas também de outros segmentos. Aqueles(as) que foram seduzidos(as) pelo canto da sereia do neoliberalismo e não são sindicalizados(as) estão, de fato, sozinhos(as). Com efeito, não é uma boa ideia estar sozinho(a) na selva do capitalismo, cuja doutrina neoliberal é a sua expressão mais perversa.

Sem a sindicalização, os(as) trabalhadores(as) ficam sozinhos(as) diante de ações políticas que impõem a precarização, a terceirização, a subcontratação, a flexibilização e até mesmo o fim da profissão, como está ocorrendo no estado de São Paulo, cuja proposta do Secretário de Educação é substituir os(as) professores(as) pela Inteligência Artificial (IA) na produção de conteúdo para o ensino básico.

Portanto, lembre-se sempre caro(a) leitor(a) trabalhador(a): “quem tem sindicato nunca está sozinho”.

*O autor é sociólogo. 

Arte: Gilmal