Quanto custa um cordão de cirandeiros no festival de Manacapuru?

O BNC Amazonas perguntou nos galpões de Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional quanto custa, quem desenha e quem faz o cordão de cirandeiros

Ferreira Gabriel, por Dassuem Nogueira*

Publicado em: 02/09/2024 às 13:35 | Atualizado em: 02/09/2024 às 15:40

Uma das coisas mais atrativas aos olhos nas cirandas de Manacapuru são seus exuberantes figurinos com muitos brilhos, cores, pedras e lantejoulas.

O BNC Amazonas perguntou nos galpões de Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional quanto custa, quem desenha e quem faz o cordão de cirandeiros.

As onças pintadas

Na ciranda Tradicional, Ester Raaby, coordenadora do cordão, contou que cada figurino dos 20 pares de cirandeiros custa em torno de 600 reais, sem contabilizar os adornos de cabeça.

Neste ano, na ciranda do Terra Preta, o figurino do cordão de cirandeiros foi desenhado pelo artista Marcos Amorim.

Em seguida, tomam forma nas mãos de costureiras manacapuruenses.

E, por fim, os próprios cirandeiros ajudam na partilhação das lantejoulas e aplicação das pedrarias.

Partilhar é o nome da técnica de aplicar lantejoulas nos tecidos.

As pequenas e delicadas penas de chinchila, e o tecido bordado eram o item mais caro dessa composição.

As chamadas “cabeças”, por adornar essa parte do corpo, foram desenhadas por outro artista, Jô Brasil.

Elas precisam ser, impecavelmente, seguras. Pois, se caírem na arena, a ciranda é penalizada com perda de décimos.

Por esse motivo, a cabeça de onça da Tradicional tinha três amarrações. Elas são feitas em tamanho único. Mas, Jô Brasil mostrou que eram flexíveis nas estruturas laterais ao rosto para ajustar-se a qualquer tamanho e formato de cabeça. Desse modo, não compromete o conforto dos cirandeiros.

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Os gaviões da Matizada

O cordão de cirandeiros da Flor Matizada era composto por 60 pares. Neste ano eles vieram vestidos de gavião real.

Segundo informou Raimundo Nonato, diretor de indumentária, cada figurino estava estimado em 1200 reais, contabilizando o custo das cabeças.

O bordado é o item mais caro, pois são pedaços de tecidos, pastilhas, pedras, que são aplicados sobre as roupas.

A criação foi assinada pelo artista Fabiano Fayal e realizado por costureiras contratadas.

As aplicações dos elementos sobre as roupas foram feitas por trabalhadoras das fantasias nos galpões.

O fogo da Guerreiros Mura

Neste ano, o cordão da ciranda Guerreiros Mura representava os filhos de Anhangá, uma entidade feita de fogo.

O figurino foi desenhado por um artista parintinense e costurados por manacapuruenses.

Uma curiosidade é que as costureiras das cirandas não são exclusivas de uma ou outra, podendo trabalhar para mais de uma agremiação.

Luiz Carlos foi cirandeiro do cordão da Guerreiros Mura, sua ciranda de coração, por 14 anos. Ele costura há mais de 20 para a agremiação. Mas, neste ano, também costurou as fantasias da Flor Matizada.

Ele disse que o paetê d’água é o item mais caro da fantasia do cordão de cirandeiros nesse ano. O item é o tecido com aplicação de minúsculos paetês, do que foi feito o jaleco, calças e saias do cordão de cirandeiros guerreirenses.

Luiz Carlos informou que só o tecido dos figurinos para os 50 pares de cirandeiros da Mura custaram 80 mil reais. Já o trabalho das costureiras, custou 47 mil reais.

Não encontrei que informasse sobre o custo das cabeças do cordão de cirandeiros da Mura.

Fotos: Dassuem Nogueira/ especial para o BNC Amazonas