ZFM pode faturar com tarifaço de Trump
As empresas de Manaus não serão afetadas e ainda podem atrair investidores que estiverem fugindo da guerra de Trump

Da redação do BNC Amazonas
Publicado em: 28/07/2025 às 07:15 | Atualizado em: 28/07/2025 às 07:15
A despeito da cautela de parte do setor produtivo com o tarifaço de 50% imposto ao Brasil, nos EUA, pelo presidente Trump, há otimismo no Polo Industrial da Zona Franca (PIM/ZFM) com a medida.
A ideia é que, no confronto direto com os EUA, se o Brasil aplicar a política de reciprocidade, em nenhuma hipótese a indústria local, por causa da ZFM, será prejudicada. Ao contrário, o modelo pode ser solução.
É que, no cardápio de benefícios fiscais que o Brasil oferece para as empresas se instalarem no Amazonas, um, em especial, torna o PIM atrativo. Esse é o Imposto de Importação (II).
Empresários ouvidos pelo BNC avaliam que, neste momento, o II funciona como um espécie de vacina antitarifaço. Isso porque a Zona Franca de Manaus isenta totalmente ou reduz taxa para entrada no PIM de insumos ou matérias-primas vindas de outras regiões ou do mercado externo.
Ou seja, as empresas de Manaus não serão afetadas e ainda podem atrair investidores que estiverem fugindo da guerra de Trump.
Caso o Brasil cobre uma tarifa de importação para os produtos de origem norte-americana e, como o resto do país não tem a vantagem, de redução do II, as empresas instaladas fora da ZFM pagarão a tarifa cheia e a ZFM terá a redução garantida na Constituição.
Essa redução chega a 88% do valor devido. Ou seja, quem está na ZFM só pagará 12% do valor devido de II. Quem está fora paga 100% de II.
Hoje um dos principais produtos importados pelo PIM dos Estados Unidos são semicondutores. Um exemplo é a indústria de celulares. Em Manaus, os principais fabricantes são Samsung e Positivo.
Fora do Amazonas, Bahia, São Paulo, Paraná e Minas Gerais também possuem fábricas de celulares. Mas, nesses cenários, elas ficam em desvantagem frente às marcas do PIM.
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Cenários
Produtos importados dos EUA podem entrar na ZFM com isenção de II
• – Um componente eletrônico, motor ou parte plástica vinda dos EUA entra na ZFM com isenção ou alíquota reduzida, se for para industrialização dentro das regras da Suframa.
A indústria da ZFM pode comprar dos EUA mais barato do que o resto do Brasil
• – Se houver tarifa de retaliação do Brasil (por exemplo, 50% de II contra produtos americanos), ela atingirá o restante do país, mas não a ZFM.
• – Resultado: as empresas na ZFM poderão importar dos EUA com isenção ou redução, enquanto o resto do Brasil pagará tarifa cheia e aí está a vantagem competitiva real.
Foto: Isac Nóbrega/PR