ZFM e reforma tributária: ganhos, erros primários, correções possíveis
Assim analisa ex-chefe da Suframa e consultor tributário Thomaz Nogueira

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 25/04/2024 às 19:57 | Atualizado em: 25/04/2024 às 20:39
O Governo do Amazonas, a bancada parlamentar federal, técnicos e consultores estão debruçados sobre a proposta do governo federal para a regulamentação da reforma tributária, especialmente no que se refere à Zona Franca de Manaus (ZFM).
Isso já ocorre um dia depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregar aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado um dos três projetos de leis complementares à emenda constitucional 132/2023.
Com 306 páginas, Haddad afirmou que, em até duas semanas, após o feriado de 1º de maio, estará entregando os outros dois projetos.
“Quase toda a regulamentação da reforma tributária está nesse projeto. Ele é o ‘grosso’ da nossa proposta”, disse o ministro.
Nesta quinta-feira (25), o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, e técnicos do Ministério da Fazenda esmiuçaram todo o conteúdo e as mudanças tributárias entregues ontem a Lira e Pacheco.
No capítulo da ZFM e áreas de livre comércio, o texto fala que a premissa é a manutenção do diferencial competitivo dos dois modelos.
Leia mais
Lima diz a governadores estar vigilante pela ZFM na reforma tributária
Competitividade
E para isso, a proposta indica a consolidação e simplificação dos instrumentos atuais que garantem essa competitividade na ZFM e nas áreas de livre comércio por meio de:
‐ desoneração das vendas;
‐ incentivo à economia interna, inclusive produção de bens intermediários e comércio; e
‐ desoneração das vendas de produtos industrializados.
Leia mais
Bancada do Norte defende interesses da ZFM na reforma tributária
Bola com Congresso
“O governo fez seu lance, enviando sua proposta de regulamentação da reforma tributária. Agora, a bola está com o Congresso. O parlamento vai dizer o que fica e o que sai. Primeiramente na Câmara, depois Senado. Uns apontarão os erros formais, remissões e conceitos, outros exaltarão”, escreveu em suas redes sociais o ex-superintendente da ZFM (Suframa) e consultor tributário Thomaz Nogueira.
Para ele, no texto do governo, há obviedades que todos falarão: como deixar para o comitê gestor da reforma fixar o benefício fiscal nas saídas dos produtos ZFM.
No entanto, o primeiro destaque de Nogueira vai para a questão do bem intermediário nas vendas para fora da ZFM. Na opinião do consultor, isso precisa ser corrigido e aprofundado.
“Agora, o jogo vai começar. Lógico que o texto da proposta é importante, mas o trabalho é a interação da bancada com o relator que quem define texto final”, disse Nogueira no X (ex-Twitter).
Relatoria
O passo seguinte é a escolha do relator. Na Câmara dos Deputados, há uma indefinição por conta da “pinimba”, como disse Nogueira, entre o governo e Lira.
Mas, ao que tudo indica, poderá continuar com o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Ele foi o relator da emenda 132.
No Senado, o indicativo de relatoria é o senador Eduardo Braga (MDB-AM), que também o foi na primeira fase da reforma tributária.
No entanto, Pacheco disse que é natural o nome do Braga para relator quando a matéria chegar à casa depois da aprovação na Câmara dos Deputados.
Foto: Agência Brasil