Wilson Lima, Lula, Jader Filho, Aziz e Braga juntos, para somar
A harmonia do palanque tem tudo para provocar olhares de estranhamento

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 05/05/2025 às 20:24 | Atualizado em: 05/05/2025 às 21:13
Cena inimaginada até então no Amazonas pôde-se ver na tarde desta segunda-feira, 5 de maio, no município de Tefé, a mais de 520 quilômetros de Manaus.
Juntos, no mesmo palanque, o governador Wilson Lima (União Brasil), os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) e o ministro das Cidades de Lula da Silva (PT), Jader Barbalho Filho (MDB, do Pará).
“Independentemente de que lado estivermos, o que nós temos é que somar esforços para cuidar do povo do Amazonas. É isso que eu estou aqui fazendo”, tratou logo de dizer o ministro.
Anfitrião do palanque, o prefeito de Tefé, Nicson Marreira (União Brasil), verbalizou em seu discurso, ao agradecer a presença das autoridades, o que estava vendo.
“Eu quero agradecer a presença, aqui, do mais alto escalão da política amazonense, em prol do benefício do povo”.

De fato, institucionalmente, o ministro foi ali lançar um programa, o Minha Casa, Minha Vida, que vai construir 400 casas populares em Tefé.
O projeto é do governo federal. Logo, do governo Lula, de esquerda.
Porém, todos os projetos desse programa, no Amazonas, contam com apoio e verba do Governo do Estado. No de Tefé, por exemplo, a contrapartida é de R$ 13 milhões.
Mais ainda: palanque, cerimonial, roteiro e discurso principal foram do Governo do Amazonas.
Sem exceção, na cerimônia, todos os oradores, Braga, Aziz, Barbalho Filho e Marreira cumprimentaram o governador. Este, em resposta, os cumprimentou respeitosamente.
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Bolsonarista, Lima não cita Lula
A harmonia do palanque tem tudo para provocar olhares de estranhamento.
Afinal de contas, há um mês, desde que foi à avenida Paulista e subiu em palanque de Bolsonaro, em ato para pedir anistia a quem quis dar um golpe de Estado no pais, Lima confirmou sua forte guinada à direita.
Mas, em diálogo com o ministro no discurso, o governador agradeceu o apoio do governo federal. Esquivou-se de citar o nome de Lula.
“O que o senhor [ministro] faz hoje é um gesto muito importante, um gesto muito simbólico do seu comprometimento e do governo federal com o povo do interior do Amazonas”.
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Pacto de boa convivência
O que aconteceu em Tefé pode ser a demonstração da maturidade da classe política. No entanto, a política é um ambiente de disputa de poder.
No caso, entre os personagens desta tarde, no médio rio Solimões, é possível que os interesses deles estejam contemplados, até agora.
Pelo menos no desenho do palanque, ninguém parecia incomodar ninguém. Aziz é pré-candidato a governador, Braga vai brigar pela reeleição e Lima deve disputar uma das duas vagas ao Senado.
No próximo encerram-se os mandatos de Braga e de Plínio Valério (PSDB).
Em síntese, ainda que Lima esteja focado e aliado à direita bolsonarista, ele deve estar levando em conta que o eleitor do interior do Amazonas prefere a esquerda lulista.
Tem sido assim, pelo menos até 2022.
Foto: reprodução/rede social