Vendas de ar-condicionado produzido na ZFM batem recorde no país
Crescimento em 2024 foi de 38% em relação ao ano anterior. Para este, Eletros prevê até 10%

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 19/02/2025 às 20:20 | Atualizado em: 19/02/2025 às 20:51
A Zona Franca de Manaus (ZFM), um dos principais polos industriais do país e da América Latina, produziu e comercializou, em 2024, nada menos que 5,88 milhões de aparelhos de ar-condicionado. Um recorde histórico do setor eletroeletrônico.
Isso representa um crescimento de 38% a mais que a produção e venda dos equipamentos em 2023, que foi de 4,25 milhões de unidades.
Os dados são da Eletros, a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos. Para o presidente executivo da entidade, José Jorge Nascimento Júnior, o aumento na demanda fortalece a indústria nacional e evidencia seu alto nível tecnológico.
Além disso, esse recorde de produção consolida Manaus como o segundo maior polo produtor de ar-condicionado do mundo, atrás somente da China.
“A indústria brasileira de ar-condicionado emprega tecnologia de ponta, equiparada ou até mais avançada do que a utilizada em outros polos produtivos globais, oferecendo ao consumidor aparelhos cada vez mais inovadores e eficientes no consumo de energia”, disse Nascimento Jr.
Ainda segundo a Eletros, há um enorme potencial de crescimento para o setor, considerando que cerca de 80% dos lares brasileiros ainda não possuem ar-condicionado.
“Se adicionarmos a possibilidade de exportação para os países vizinhos, o cenário se torna ainda mais promissor”.
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Fatores de vendas recorde
As ondas de calor mais frequentes e mais fortes levaram os brasileiros a comprar mais aparelhos de ar-condicionado em 2024, levando as vendas a um recorde histórico.
Dessa forma, três fatores explicam o forte desempenho nas vendas: o clima mais quente, o aquecimento da economia, especialmente no primeiro semestre, e ainda a queda na venda dos aparelhos.
O ano de 2024 foi considerado o mais quente no Brasil desde 1961, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Foi o segundo ano seguido de aquecimento recorde, empurrando os brasileiros ao consumo de aparelhos mais potentes para lidar com o calor dentro de casa.
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Crescimento do consumo
Por outro lado, o segundo fator é que 2024 foi também o ano do consumo das famílias, que cresceu na casa dos 5%, mais do que o PIB, que deve ter ficado em torno de 3,5%.
Portanto, no primeiro semestre do ano passado, os juros estavam em trajetória de queda, assim como o desemprego e a inflação, criando o ambiente propício para consumo de produtos mais caros e dependentes do crédito.
Queda nos preços
Por fim, o presidente da Eletros diz que um terceiro fator que explica o recorde das vendas foi a queda dos preços dos aparelhos em 2024.
Segundo o acompanhamento da Fipe/Buscapé, os preços do ar-condicionado caíram 6,5% ano passado, depois de uma alta de 25,7% em 2023.
De acordo com Jorge Nascimento, o setor ainda tem 15% de ociosidade, com 17 fábricas em funcionamento, concentradas na Zona Franca de Manaus.
Nascimento também ressalta que o mercado consumidor brasileiro é bastante promissor, já que apenas 20% das casas têm um aparelho de ar-condicionado.
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Perspectivas
Para este ano, a mudança no ambiente econômico vai determinar o ritmo das vendas. Nascimento Jr. aponta insegurança do consumidor sobre a economia, o que pode fazer com que as vendas repitam o desempenho do ano passado, pelo menos.
“Se repetirmos os números de 2024, será um número bem adequado. Numa visão mais otimista, nós entendemos que podemos crescer entre 8% e 10%, se tivermos um ambiente econômico mais seguro. Com uma variação cambial mais adequada, redução dos juros e mais segurança para o consumidor voltar às compras”.
Foto: divulgação