Varredura da CGU encontra fraude em descontos no INSS de idosos

Associações tiveram um salto de faturamento e ganharam mais de R$ 2 bilhões somente entre janeiro 2023 e fevereiro de 2024.

Varredura da CGU encontra fraude em descontos no INSS de idosos

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 03/12/2024 às 10:19 | Atualizado em: 03/12/2024 às 10:27

Investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou fraude bilionária em descontos feitos por entidades em mensalidade associativa diretamente na folha de pagamento das aposentadorias INSS.

Dessa forma, a auditoria da CGU concluiu que 98% de um total de 1.273 aposentados entrevistados em todo o país nunca autorizaram os descontos em seus benefícios. Como informa o Metrópoles.

Além disso, a auditoria investigou 31 entidades, e 96% dos aposentados ouvidos afirmaram não participar de nenhuma associação, o que reforça a suspeita de fraude nos descontos.

A fiscalização da CGU recomendou ao INSS que avalie suspender acordos com entidades que “apresentaram súbito aumento no quantitativo de descontos” entre 2023 e 2024.

Segundo a publicação, as entrevistas, feitas nas 27 unidades da Federação, começaram em abril deste ano, após a série de reportagens “Farra do INSS”, do Metrópoles.

As reportagens revelaram que essas associações tiveram um salto de faturamento e ganharam mais de R$ 2 bilhões somente entre janeiro 2023 e fevereiro de 2024.

Desse modo, segundo a CGU, o crescimento exponencial tende a continuar.

Ou seja, se em 2023 essas associações faturaram R$ 1,3 bilhão, em 2024 elas devem fechar o ano arrecadando R$ 2,6 bilhões descontados diretamente da folha de pagamentos de aposentados.

Assim, a associações podem efetuar descontos de mensalidade associativa mediante acordo de cooperação técnica firmado com o INSS.

Leia mais

Com R$ 300 mil, policial é preso pela PF em Manaus por fraude ao INSS

INSS: PF apura fraudes de R$ 48 milhões no Amazonas

Supostas vantagens

Então, em troca da mensalidade, que chega a superar os R$ 70 por mês, as entidades oferecem supostas vantagens em serviços, como seguros e auxílios.

O problema é que mais de 60 mil processos judiciais evidenciaram descontos indevidos de aposentados. O detalhe é que eles nunca ouviram falar nas associações e se surpreenderam com os descontos em suas folhas de pagamento.

Do mesmo modo, as investigação constatou que entidades possuem “muitos associados domiciliados em Unidades da Federação diferentes da localização de suas sedes ou escritórios”.

Segundo a CGU, mesmo que tenham correspondentes em outros locais do país, o acesso aos serviços oferecidos por elas seria “difícil, a menos que ocorresse de forma remota, o que seria improvável, dada a falta de familiaridade dos beneficiários com recursos digitais”.

“Houve, ainda, relatos de entrevistados que responderam em nome dos titulares dos benefícios sobre a impossibilidade de eles terem assinado termos de autorização e fichas de filiação, considerando serem pessoas com deficiência que os impede dessa manifestação de vontade, assim como impossibilitados de locomoção por doença grave, indígena que reside em aldeia e não sabe ler ou escrever, ou residentes no exterior e que não tiveram contato com associações quando estiveram no Brasil”, relatou a CGU.

Leia mais no Metrópoles.

Foto: Pedro França/Agência Senado