Três grandes estratégias para eleições de 2026 no Amazonas

De três jogadores, o jogo mais ousado, conforme se percebe em seus movimentos, é o de Omar Aziz. (Arte/Gilmal)

As três grandes estratégias para 2026 Arte: Gilmal

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 06/01/2025 às 18:32 | Atualizado em: 07/01/2025 às 04:50

Nas montagens das estratégias das eleições de 2026 no Amazonas, para governador e senador, há três grandes tabuleiros sendo montados.

No centro deles, três jogadores se sobressaem. Eles são o senador Omar Aziz (PSD), o governador Wilson Lima (União Brasil) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).

Jogo 1

Dos três, o jogo mais ousado, conforme se percebe em seus movimentos, é o de Omar Aziz.

Ele estreita relações com Eduardo Braga (MDB), seu colega de Senado, aproxima-se de Wilson Lima e tenta convencer David Almeida a apoiá-lo.

Nesse caso, o que poderia acontecer?

Primeiramente, convencer Lima a ficar no governo e evitar que o prefeito da capital se agigante no ano eleitoral.

Em troca, o governador, que já admite ficar até o fim do mandato, em 2026, abrindo mão de disputar nova eleição, ganharia paz.

Essa paz pode traduzir-se em um possível cargo vitalício (Tribunal de Contas, por exemplo) e sossego processual.

Há processos nas cortes superiores que podem perturbar Lima após 2026, ou até mesmo antes.

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Com força em Manaus, sem o governo e sem força no interior do estado, Almeida, nesse jogo, pode ganhar um mandato de oito anos no Senado da República.

Além disso, ainda permaneceria com a Prefeitura de Manaus. Isso porque Renato Júnior (Avante) assumiria o cargo de prefeito por dois anos, com chance de reeleição.

Nesse jogo, Tadeu de Souza (Avante), vice-governador, é uma peça apenas em observação.

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Jogo 2

No segundo tabuleiro está Almeida no comando do jogo.

Ele tem pesquisas internas que mostram que ele tem de sobra o que Aziz não tem: apoio eleitoral em Manaus.

De olho nisso, o prefeito pode montar uma chapa a governador, apesar de ter dito a Aziz que estará fora das eleições de 2026.

Contudo, ele pode se realinhar com Wilson Lima, oferecer-lhe o Senado e, em troca, ganhar uma fatia do interior que está sob liderança do governador.

Nesse caso, a saída de Lima implica ver Tadeu de Souza governador. No cargo, ele pode disputar a reeleição, como fizeram Aziz (2010) e José Melo (2014).

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Jogo 3

O terceiro tabuleiro pode ser montado pelo próprio governador.

Apesar de estar caminhando para o fim de seu mandato, Lima ainda tem sob sua caneta um orçamento de quase R$ 70 bilhões (2025 e 2026).

Portanto, uma chapa montada por ele é possível sim.

Lima pode comandar, por exemplo, uma campanha da direita bolsonarista em 2026.

O primeiro sinal nessa direção já foi dado ao procurar o presidente do PL no Amazonas, o ex-senador Alfredo Nascimento.

Nesse terceiro jogo, só existem traços. Os jogadores ainda não estão definidos, mas o técnico já se conhece: o próprio governador.

Para Lima, esse cenário não é novidade. Em 2018, quando se elegeu governador, pode-se dizer que ele era apenas uma ideia.

É que as pesquisas de então diziam que o eleitor preferia votar no novo (sem nome). Amazonino Mendes, governador-tampão da época, aparecia em segunda posição.

Quando se lançou candidato, então improvável, Lima já liderava a partida. E a venceu, derrotando um mito da política regional.

Uma coisa anima os aliados de Lima a entrar no confronto: a força dos conservadores, da direita e dós bolsonaristas.

Para que fique claro: conservadores aqui precisam ser entendidos como evangélicos, que são os quase 50% em Manaus. Esses evangélicos tradicionalmente caminham com a direita.

Ilustração: Gilmal