Três do AM no grupo da reforma tributária é excesso, diz bolsonarista

Marcel Van Hattem reclamou por não ter nenhum parlamentar da região sul

Marcel Van Hattem

Ferreira Gabriel, Iram Alfaia do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 17/02/2023 às 19:06 | Atualizado em: 17/02/2023 às 19:07

O deputado bolsonarista Marcel van Hattem (Novo-RS) considerou um excesso a presença de três parlamentares do Amazonas no grupo de trabalho que vai debater a reforma tributária na Câmara dos Deputados.

O colegiado é formado por 12 parlamentares. São do Amazonas no grupo: Sidney Leite (PSD), Saullo Vianna (União Brasil) e Adail Filho (Republicanos).

“Se os amazonenses toparem fazer da Zona Franca de Manaus uma zona franca do Brasil, estendendo aqueles benefícios que hoje há no Amazonas para todo o país, aí poderíamos concordar ou pelo menos começar a discussão”, disse Hattem no plenário da casa.

Para quem é integrante de um partido que elegeu apenas três deputados, o deputado falou num tom até desproporcional: “Não vamos admitir que uma reforma tributária discutida num grupo de trabalho com apenas 12 parlamentares”.

“O estado do Amazonas tem oito deputados federais e terá três no grupo de trabalho. O meu estado do Rio Grande do Sul tem 31 e não terá nenhum! Não faz sentido, não é lógico, não é justo”.

Disse que seu estado continua pagando a conta e “não recebe de volta nem perto aquilo que pagou”. “Isso precisa acabar! É preciso uma reforma da federação acima, aliás, de uma reforma tributária.

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Contraponto

O deputado amazonense Capitão Alberto Neto (PL) até acha que o gaúcho tem razão ao criticar a representação no grupo de trabalho, mas disse que os argumentos dele sobre Zona Franca de Manaus são equivocados.

“Deputado, mesmo dentro da doutrina liberal econômica, existe o desenvolvimento regional. O Brasil é um gigante, e há diversas desigualdades neste país”, respondeu Alberto Neto no plenário.

Afirmou ao parlamentar do Novo que as desigualdades têm que ser tratadas de maneira inteligente, como a China fez no passado, com zonas francas no seu território, na área de fronteira. “A China conseguiu se desenvolver e hoje é um gigante”.

Também considerou irracional comparar Rio Grande do Sul e São Paulo com o Norte, uma vez que na região falta investimento em infraestrutura e logística.

Do ponto de vista fiscal, disse que a ZFM bate recorde de arrecadação “e doa mais para o governo federal do que recebe dele”.

“Criou 110 mil empregos diretos e mais de 400 mil indiretos e gera emprego no Rio Grande do Sul, gera emprego em São Paulo, gera emprego na região Nordeste”, disse.

O amazonense também afirmou que é preciso entender que a Zona Franca de Manaus é estratégica para o país.

“Ninguém vai querer comprar a nossa carne, ninguém vai querer comprar a nossa soja, se atacarmos a Zona Franca de Manaus, porque é ela que segura, é ela que é o freio do desmatamento”.

“Nós queremos proteger a floresta, e, para proteger a floresta, nós temos que continuar a valorizar a Zona Franca de Manaus, que é o verdadeiro maior projeto ambiental que este país já construiu”.

Foto: Gustavo Sales / Câmara dos Deputados