STF marca julgamento de Zambelli por invasão ao CNJ, Câmara silencia

Deputada pode perder o mandato, mas Comissão de Ética segue sem abrir processo até agora.

deputada federal Carla Zambelli

Adrissia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 24/04/2025 às 14:47 | Atualizado em: 24/04/2025 às 14:47

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 9 de maio o início do julgamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti Neto, acusados de envolvimento na invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O caso será julgado pela primeira turma da corte em plenário virtual, com previsão de encerramento em 16 de maio.

De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a articuladora da ação criminosa, que visava inserir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes no sistema do CNJ.

Delgatti, que assumiu a autoria da invasão, declarou ter agido a mando da deputada.

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Comissão de ética muda

Apesar da gravidade do episódio — que envolve uso de artifícios digitais para tentar comprometer a estrutura do Judiciário — a Câmara dos Deputados segue em silêncio institucional.

Até o momento, neste dia 24 de abril, a Comissão de Ética da casa não abriu qualquer procedimento contra Zambelli em relação a esse caso específico, o que tem gerado críticas sobre o tratamento desigual entre parlamentares.

A passividade contrasta com a agilidade demonstrada recentemente no processo contra o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), cuja cassação foi aprovada pela comissão por “quebra de decoro”, após confrontos verbais com outros parlamentares.

No caso de Braga, o colegiado agiu com rapidez e rigor; já com Zambelli, mesmo diante de acusações envolvendo crimes graves e ataque a instituições democráticas, os deputados enudeceram.

Enquanto o Supremo avança no processo e analisa evidências que podem levar à perda de mandato e até prisão, a omissão da Comissão de Ética reforça a percepção de seletividade na aplicação das regras disciplinares no parlamento.

O caso levanta questões sobre o compromisso da Câmara com o decoro e a responsabilização de seus membros — ou a falta dele.

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados