STF volta com expectativa de denúncia contra Bolsonaro
Ano judiciário começa com foco na denúncia contra Bolsonaro e julgamentos polêmicos.

Diamantino Junior
Publicado em: 02/02/2025 às 12:17 | Atualizado em: 02/02/2025 às 12:17
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma suas atividades nesta segunda-feira (3/2), sob a presidência de Luís Roberto Barroso, com foco na possível denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista de 2022. Além disso, a corte deve enfrentar julgamentos de grande repercussão, como a regulação das redes sociais, operações policiais em favelas e o vínculo trabalhista de motoristas de aplicativos. O ministro Edson Fachin assumirá a presidência do tribunal em setembro.
Denúncia contra Bolsonaro
Um dos temas mais esperados para 2025 é a denúncia contra Jair Bolsonaro.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, está analisando as provas apresentadas pela Polícia Federal (PF) sobre a articulação de um golpe de Estado em 2022.
Segundo fontes próximas ao STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode dividir a denúncia, com a primeira parte sendo apresentada ainda em fevereiro.
Gonet também pode solicitar novas diligências para complementar as investigações, incluindo os casos de venda de presentes de Estado e falsificação do cartão de vacina do ex-presidente.
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O julgamento deve ocorrer em 2025, evitando interferências diretas nas eleições de 2026. No entanto, pedidos de vista e recursos podem prolongar o processo.
Julgamentos de grande impacto
A nova fase do STF também trará julgamentos que podem afetar diretamente a sociedade e a relação do Judiciário com o Congresso Nacional.
Entre eles, está o Marco Civil da Internet, que pode responsabilizar big techs por conteúdos postados por usuários.
O tema gera divergências entre os ministros, com parte defendendo uma ampla responsabilização e outra propondo um escopo mais limitado.
Outro julgamento crucial é a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, que definirá novas diretrizes para operações policiais no Rio de Janeiro.
O governador Cláudio Castro (PL) se opõe às mudanças e atribui ao STF a responsabilidade pelo crescimento do crime organizado no estado.
Relação trabalhista e apostas esportivas
O STF também decidirá sobre o vínculo entre motoristas de aplicativos e as empresas.
O caso pode estabelecer jurisprudência e afetar mais de 10 mil processos na Justiça.
Outra pauta relevante é a análise da constitucionalidade das regras para apostas esportivas, sob relatoria do ministro Luiz Fux.
Marco Temporal e emendas parlamentares
O julgamento do Marco Temporal das terras indígenas, conduzido por Gilmar Mendes, continua sendo um tema sensível, com potencial de gerar mudanças na legislação aprovada pelo Congresso.
Além disso, o ministro Flávio Dino será responsável por processos que envolvem emendas parlamentares, que estão sob investigação da Polícia Federal.
Outros processos
O STF também avaliará um recurso do ex-presidente Fernando Collor, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se negado, ele poderá ser preso ainda este ano.
Apesar dos temas polêmicos, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, sinalizou que não pretende pautar discussões sobre costumes, como a descriminalização do aborto. Para ele, o debate ainda não está amadurecido o suficiente para uma decisão da corte.
Com um calendário de julgamentos estratégicos, o STF inicia o ano sob grande expectativa, lidando com temas que podem impactar diretamente o cenário político e social do país.
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Foto: Gustavo Moreno/STF