Simone Tebet prevê rota de Manaus ao Pacífico na COP-30
Rota vai aos portos de Tumaco, na Colômbia; Manta e Guayaquill, Equador; e Paita e Chancay; no Peru.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 02/07/2024 às 21:48 | Atualizado em: 02/07/2024 às 21:56
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o governo deve inaugurar uma rota da integração sul-americana, das cinco programadas, até a realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que ocorrerá em Belém (PA), em novembro de 2025.
Trata-se da rota que sai de Manaus e vai até o oceano Pacífico nos portos de Tumaco, na Colômbia; Manta e Guayaquill, no Equador; e Paita e Chancay, no Peru.
“É a rota mais ecologicamente sustentável. Ela é toda hidroviária pelo lado do Brasil. Essa rota, no aspecto de logística, de infraestrutura, está pronta. O que falta nessa rota? Uma dragagem, que está sendo executada agora, pois já foi dada a ordem de serviço”.
O anúncio da ministra foi durante audiência conjunta, nesta terça-feira (2), nas comissões do Senado de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional.
Simone fez referência à dragagem e sinalização do rio Solimões, na hidrovia entre Manaus e Tabatinga, município onde será construída uma alfândega da Receita Federal. “Essa é uma rota que podemos inaugurar na COP-30”, disse.

“Já conversamos com o ministro Haddad (Fernando, da Fazenda), com a Receita Federal e estivemos em Tabatinga. Nós vimos que lá tem um prédio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) subutilizado que poderia servir de base para que a Receita Federal pudesse entrar”.
Porto chinês no Peru
De acordo com a ministra, a rota em questão assume “grande importância” por causa da construção do porto peruano de Chancay.
“É o maior investimento da China na América do Sul e vai ser inaugurado em novembro deste ano. O presidente da China [Xi Jinping], provavelmente, vai vir para a inauguração e, a partir daí os empresários brasileiros têm nos procurado”, afirmou.
Por meio dessa rota de número 2, a ministra disse que poderão ser exportados os produtos das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.
“Nós temos possibilidade de chegar a pelo menos em quatro portos da América do Sul e pelo Pacífico chegar à China”.
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Exportações da ZFM
Pelo lado brasileiro, a potencialidade da rota é a exportação de produtos da bioeconomia, máquinas, equipamentos e bens de consumo de Manaus para Peru, Equador e Colômbia, além da Ásia e América Central. O Brasil terá condições de importar têxteis, peixes e bananas.
Outros produtos da Zona Franca de Manaus poderão ser promovidos para exportação como motocicletas, canetas, barbeadores, aparelhos de tevê e de som; bens de bioeconomia e indústria naval.
Atualmente pela rota já são exportadas embarcações para o transporte de mercadorias ou de pessoas, iates de recreio, preparações capilares, açúcar de cana, polpa de frutas e arroz.
Nela, o país importa partes para motores diesel, bombas para combustíveis, válvulas de admissão ou de escape para motores, pistões e velas de ignição.
Rotas prontas em 2028
A ministra disse que todos os projetos das rotas até 2028 estarão bem estruturados. As cinco rotas da integração sul-americana afetam os 11 estados brasileiros que fazem fronteira com países da região. Elas envolvem um total de 190 projetos, como rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, além de infovias e linhas de transmissão de energia.
Simone ainda afirmou que todas essas obras estão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), portanto, não haverá impacto fiscal.
Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai abrir US$ 10 bilhões em linhas de financiamento para viabilizar as rotas. Desse total, US$ 3 bilhões serão destinados a estados e municípios brasileiros. Os US$ 7 bilhões restantes vão financiar obras nos demais países do continente.
“Colocando isso em prática, vamos ter um cenário absolutamente diferente. Ninguém vai conseguir competir com o Brasil no mundo, no que se refere à nossa fronteira agrícola”.
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As cinco rotas
1 — Ilha das Guianas: exportação de alimentos e bens de consumo final para a Venezuela e a Guiana, além da Ásia e do Mercado Comum e Comunidade do Caribe;
2 — Amazônica: exportação de produtos da bioeconomia, máquinas, equipamentos e bens de consumo de Manaus para Peru, Equador e Colômbia, além da Ásia e América Central;
3 — Quadrante Rondon: exportação de alimentos, máquinas, equipamentos e bens de consumo final para a Peru, Bolívia e Chile, além do mercado asiático;
4 — Bioceânica de Capricórnio: exportação de alimentos, máquinas e equipamentos e bens de consumo final para Paraguai, Argentina e Chile, além do mercado asiático; e
5 — Porto Alegre–Coquimbo: exportação e importação de insumos, alimentos, máquinas.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado