Lula avalia apoiar projeto de Silas Câmara contra fake news
O governo Lula avalia unir sua proposta contra fake news ao projeto de Silas Câmara, que prevê fiscalização da Anatel e da ANPD para regulamentar plataformas digitais.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 03/02/2025 às 17:14 | Atualizado em: 03/02/2025 às 17:17
O governo do presidente Lula da Silva estuda incorporar sua proposta para regulamentar as plataformas digitais no sentido de coibir o discurso de ódio e as fake news ao projeto de lei (4.691/2024) do deputado Silas Câmaras (Republicanos).
A matéria do parlamentar amazonense cria a Lei de Proteção às Liberdades Constitucionais e Direitos Fundamentais.
O deputado disse ao BNC Amazonas que não houve contato do governo para debater o assunto, mas avalia que a incorporação da proposta ao seu projeto dará maior força para a matéria ser aprovada.
“Espero que sim. Sou a favor de um marco regulatório sob guarda da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)”, disse ele.
O projeto de Silas cria um modelo de “autorregulação regulada” com a fiscalização da Anatel e da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Além de fiscalizar, os órgãos vão emitir regras para as plataformas digitais.
“A crescente presença das plataformas, mercados e serviços digitais na vida das cidadãs e dos cidadãos brasileiros tem trazido à tona questões complexas relacionadas à proteção das liberdades constitucionais e dos direitos fundamentais online”, diz o parlamentar.
Ele afirma que o projeto surgiu em um “contexto no qual a convivência no ambiente digital exige uma regulamentação que possibilite que todos possam usufruir das plataformas digitais de maneira segura, responsável e transparente”.
“O primeiro artigo da presente proposta estabelece de maneira clara e objetiva a intenção primordial do projeto, que é a proteção das liberdades e direitos fundamentais no ambiente digital”, defende.
Ele destaca a relevância desse artigo no qual toda a legislação se apoiará. “Ao incluir expressões como proteção dos direitos fundamentais, o artigo sinaliza uma preocupação com a dignidade humana em um espaço que, muitas vezes, carece de limites e regulamentações”, explica.
Governo
A proposta do governo foi elaborada e apresentada pelo Ministério da Justiça a um grupo de trabalho com Casa Civil, AGU (Advocacia-Geral da União), CGU (Controladoria-Geral da União), Ministério da Fazenda e Secom (Secretaria de Comunicação Social).
De acordo com a Folha de S.Paulo, a proposta “estabelece critérios para a remoção de postagens que violam leis já existentes e para o combate a discursos de ódio e desinformação em massa”.
Leia mais
Contra projeto das fake news, Telegram diz que governo quer ‘censura’
“O novo projeto em estudo prevê que as plataformas estejam submetidas a um dever de precaução, semelhante ao modelo europeu do ‘dever de cuidado’, com a atribuição de remover conteúdo considerado criminoso, sem necessidade de decisão judicial. Caberia ao governo fiscalizar o cumprimento geral das regras pelas empresas”, diz o texto da matéria.
Fontes no governo informaram que ainda há divergência sobre o texto e como encaminhá-lo ao Congresso. A incorporação da proposta ao projeto de Silas é a forma preferida.
Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados