Sensíveis à ZFM, Haddad leva temas ambiental e tributário à Fiesp
Ministro da Fazenda se encontrou com empresários paulistas, assim como fez o vice-presidente Geraldo Alckmin

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 30/01/2023 às 21:14 | Atualizado em: 31/01/2023 às 16:32
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontrou-se nesta segunda-feira (30), a diretoria e membros da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a poderosa Fiesp.
Haddad repetiu o mesmo gesto do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que há duas também se reuniu com o empresariado paulista.
No debate a nata industrial de São Paulo, o ministro da Fazenda tocou em três pontos que têm conexão direta com o Estado do Amazonas e a Zona Franca de Manaus: reforma tributária, cobrança de imposto no consumo e a questão ambiental.
Desses três temas, dois deles atingem a economia amazonense. A reforma tributária, por exemplo, pretende acabar com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o principal da cesta de incentivos fiscais concedidos à indústria da ZFM.
Os tributaristas insistem em dizer que se o IPI for extinto e nada for colocado em seu lugar, as vantagens competitivas do polo industrial de Manaus se esvaem. Com isso, haverá uma debandada de indústrias para outros estados.
O segundo ponto discutido na reunião com a Fiesp foi a provável mudança da cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da origem, como ocorre hoje, para o destino, onde chegam os produtos.
Em recente reunião dos governadores, o do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), ressaltou que a economia vai ter impacto negativo com esse tipo de cobrança, já que o estado é praticamente produtor e pouco consumidor.
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Agendas do governo
Fernando Haddad, portanto, voltou a defender a aprovação de uma reforma tributária e estabeleceu os três principais caminhos de oportunidades abertos para o País:
- agenda fiscal: “Aprovar a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, o que já vai pacificar o Brasil em um front delicado”;
- agenda do crédito: “Eu me reuni com o presidente do Banco Central e vamos desengavetar todas as iniciativas do BC que que estavam paralisadas no Executivo para melhorar o ambiente de crédito no Brasil”;
- agenda regulatória: “Temos uma oportunidade, por sermos um dos maiores produtores de energia limpa, de nos reindustrializarmos a partir dessa matriz”.
Mudança climática
Ao tratar da questão da energia limpa como caminho da reindustrialização, o ministro da Fazenda aponta indiretamente um caminho para “revolução indústria” da Amazônia: usar os potenciais e matrizes econômicas que lá existem de forma sustentável.
Segundo Haddad, o mundo está em busca de energia limpa e o Brasil tem vantagens competitivas significativas para a produção de hidrogênio verde, energia eólica, energia solar e biomassa.
“Sou um entusiasta da agenda de reindustrialização e acredito que que a crise da mudança climática pode nos oferecer um caminho de desenvolvimento muito interessante”, declarou o ministro.
Atenção do mundo
Aos empresários paulistas, Haddad destacou a importância de atrair a atenção do mundo ao Brasil, com estes temas ambientais, e afirmou haver um aumento de entrada de capital estrangeiro no país. Trata-se, segundo ele, da consequência de um “interesse genuíno na agenda brasileira. E citou a agenda democrática.
O ministro garantiu que o governo Lula será marcado pela “alta intensidade do ponto de vista das reformas necessárias para fazer este País andar” e reforçou que a agenda de reindustrialização abraça setores como a saúde e a educação.
O encontro na Fiesp ocorreu dias depois de o presidente da federação, Josué Gomes da Silva, e seu antecessor, Paulo Skaf, assinarem uma carta em que se comprometem a trabalhar em conjunto pela pacificação dos ânimos, em meio a tentativas de trocar a presidência da entidade.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil