Saúde inaugura biofábrica de mosquitos antidengue
Tecnologia desenvolvida na Fiocruz cria os mosquitos wolbachia, imunes ao desenvolvimento da dengue, zika e outras arboviroses em seus organismos

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas*
Publicado em: 30/04/2024 às 05:58 | Atualizado em: 30/04/2024 às 06:06
O Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o governo de Minas Gerais e a prefeitura de Belo Horizonte, inaugurou ontem (29) a Biofábrica Wolbachia.
Dessa forma, a nova unidade contará com laboratórios para a produção do método Wolbachia, uma das principais tecnologias no combate à dengue e outras arboviroes.
Nesse sentido, o método consiste na liberação de mosquitos aedes aegypti com a bactéria wolbachia. Com isso impede que os vírus da dengue, zika e chikungunia se desenvolvam no inseto, evitando a transmissão das doenças.
Sobretudo, estes mosquitos, chamados de wolbitos, não são geneticamente modificados e não transmitem outras doenças.
Uma vez que os mosquitos com wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração de mosquitos que não transmitem essas arboviroses.
Como resultado, o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam o microrganismo aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações.
A administração da biofábrica ficará a cargo da Fiocruz, em parceria com o World Mosquito Program (WMP), instituição que detém a patente da tecnologia.
A previsão é de que a operação seja iniciada em 2025. A unidade será responsável pela manutenção do ciclo completo dos wolbitos, desde a produção de ovos aos mosquitos adultos. Assim como da distribuição destes materiais biológicos e a alocação de equipes administrativas.
Produção
A estimativa é de que a produção semanal da Biofábrica de Belo Horizonte chegue a dois milhões de mosquitos por semana.
Assim, uma vez inseridos no meio ambiente, vão se reproduzir com os aedes aegypti locais e estabelecer uma nova população de mosquitos que não transmitam a dengue e outras doenças.
Na primeira fase do novo projeto em Minas Gerais, os mosquitos aedes aegypti com a bactéria wolbachia serão soltos na cidade de Brumadinho e em outros 21 municípios da Bacia do Rio Paraopeba.
A expectativa da Secretaria Estadual de Saúde é que, posteriormente, ocorra a expansão da distribuição de mosquitos para todos os municípios mineiros.
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Estratégia inovadora
Além das biofábricas do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, devem ser inauguradas outras duas unidades no Ceará e no Paraná.
“Isso é fruto do investimento na ciência, são mais de dez anos de pesquisas. Estamos aqui para celebrar a conquista da ciência que é preservar e salvar vidas”, ressaltou .
Como funciona
O método consiste na liberação de aedes aegypti com wolbachia para que se reproduzam com os aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.
Os wolbitos, como são chamados, não são transgênicos e não transmitem doenças.
A wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não está presente no aedes aegypti.
Quando presente nestes mosquitos, ela impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças.
Soltos no ambiente, esses mosquitos antidengue e outras arboviroses passam a se reproduzir com os mosquitos locais e, ao longo do tempo, passam a ser hegemônicos, reduzindo ou até eliminando os mosquitos que transmitem a doença.
*Com informações do Ministério da Saúde
Foto: Flávio Carvalho/Fiocruz