Reforma tributária: base do governo dá troco e votação deve ser dia 11

Após oposição barrar quórum, base aliada avança na CCJ com leitura do relatório da reforma tributária. Texto inclui ajustes para garantir competitividade da Zona Franca de Manaus.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 10/12/2024 às 19:26 | Atualizado em: 11/12/2024 às 11:26

 Após o vexame político desta segunda-feira (9/12), em que a oposição não deu quórum para leitura do relatório da reforma tributária, nesta terça-feira (10/12), um dia depois, a base aliada do governo Lula da Silva compareceu em peso na sessão extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Contando inclusive com a presença do presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o senador Eduardo Braga (MDB-AM) fez a leitura da síntese do relatório sobre o projeto 68/2024, com mais de 500 artigos e 30 anexos.

Da mesma forma que a base do governo deu quórum qualificado para realizar a sessão e leitura do relatório – havia 19 membros titulares, 18 suplentes e 4 senadores não membros da comissão – a presidência da CCJ concedeu pedido de vistas coletiva de 24 horas ao texto.

Assim, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que estava no comando da parte final da reunião, disse que o prazo de 48 horas para a vista coletiva estava suspenso porque houve quebra de acordo por parte da oposição.

Desse modo, a expectativa é de que a primeira etapa da regulamentação da reforma tributária sobre o consumo possa ser discutida e votada amanhã na CCJ. Ainda não há acordo nem data para votação no plenário.

Para o senador do Amazonas, seu relatório conseguiu avançar na questão da segurança jurídica, na redução da complexidade do texto, para que ficasse mais enxuto, simplificado e inteligível. E ressaltou sua busca para que a reforma tributária atendesse à demanda da sociedade brasileira por mais justiça social.

Assim, o relator recebeu cumprimentos dos senadores presentes, pelo trabalho, inclusive do líder do governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

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Zona Franca de Manaus

Quem também se manifestou foi o senador Omar Aziz (PSD), coordenador da bancada amazonense no Congresso.

Ele disse que Braga teve uma preocupação especial em assegurar que a regulamentação da reforma tributária não tirasse a competitividade da Zona Franca de Manaus (ZFM), fundamental para a economia do Amazonas. 

Modelo que também é considerado o maior programa de preservação ambiental do planeta, preponderante para que mais de 90% das florestas do estado sigam de pé.

“Gostaria de parabenizá-lo pelo trabalho como relator da emenda e agora da regulamentação da reforma tributária. Como amazonense, nos orgulhamos muito de tê-lo como representante do nosso estado. Nos representa muito bem”.

Aziz disse esperar que o texto do Senado seja mantido pela Câmara dos Deputados.

Para isso, como coordenador da bancada, vai conversar com o presidente Arthur Lira (PP-AL), assim como já fez com Braga e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“Com o relatório de Braga, eu estou tranquilo quanto a isso. Mas, essa tranquilidade do Senado termina na Câmara dos Deputados”.

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Setor eletrônico

Ao final da leitura do relatório, na CCJ, o presidente executivo da Eletros, José Jorge Nascimento Júnior, da entidade do setor eletrônico da ZFM, disse que o relatório do Senado conseguiu ajustar o texto que veio da Câmara.

Segundo ele, o texto dos deputados não trazia a manutenção das vantagens comparativas da ZFM.

“O senador Eduardo Braga foi extremamente feliz no relatório dele no que diz respeito à manutenção das vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus para o setor eletrônico.  Ele não aumenta a vantagem comparativa da ZFM, mas também não permite que haja uma perda de vantagem. Ou seja, nada mais, nada menos”, afirmou Nascimento Jr.

Por fim, o presidente da Eletros disse que o texto do Senado mantém a competitividade do ar-condicionado, de áudio e do eletroeletrônico como um todo.

“Dessa forma, a proposta dá condições para que o Amazonas continue sendo o segundo maior polo produtor de ar-condicionado do mundo, ficando somente atrás da China, algo que infelizmente a Câmara não havia conseguido manter e agora o senador Eduardo Braga consegue de forma eficaz”.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado